A solidão, muitas vezes vista como um sentimento individual e subjetivo, acaba de ser classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma ameaça urgente à saúde global. Segundo o novo relatório da instituição, a falta de conexão social está relacionada a cerca de 100 mortes por hora no mundo, o que equivale a mais de 871 mil vidas perdidas todos os anos.
O levantamento mostra que 1 em cada 6 pessoas afirma sentir solidão, um número que atravessa idades, culturas e condições sociais. Embora tradicionalmente associada a idosos, a solidão hoje afeta principalmente jovens entre 13 e 29 anos, um retrato que surpreende e preocupa especialistas.
Um risco tão perigoso quanto doenças já conhecidas
A OMS afirma que a solidão deve ser tratada com a mesma seriedade de fatores de risco como tabagismo, sedentarismo e obesidade. Estudos mostram que viver desconectado aumenta a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, depressão severa, ansiedade crônica e até demência.
Além dos impactos emocionais, a solidão afeta diretamente o corpo. O estresse prolongado altera hormônios, prejudica o sistema imunológico e eleva as chances de episódios cardíacos e acidentes vasculares cerebrais. Segundo o relatório, os riscos podem ser comparados ao hábito de fumar de 10 a 15 cigarros por dia.
Por que estamos mais solitários?
Apesar de vivermos na era da hiperconectividade digital, especialistas alertam que as relações humanas estão menos profundas e mais fragmentadas. Em muitas cidades, a falta de espaços de convivência comunitária, a rotina acelerada, a desigualdade social e o aumento do trabalho remoto contribuem para um cotidiano mais isolado.
A solidão também cresce entre pessoas com baixa renda ou vivendo em países com menor rede de apoio social. Em contrapartida, regiões com programas comunitários fortes apresentam índices menores.
O que a OMS recomenda
Diante do cenário, a OMS lançou uma comissão global dedicada exclusivamente ao tema da “conexão social”. Entre as recomendações estão:
- criação de políticas públicas que estimulem convivência e vínculos comunitários;
- fortalecimento de programas escolares e iniciativas para jovens;
- capacitação de profissionais de saúde para identificar sinais de solidão;
- campanhas de conscientização que tratem o tema sem estigma.
Segundo o relatório, investir em conexão social tem potencial não apenas de salvar vidas, mas também de reduzir custos em saúde, aumentar a produtividade e melhorar o bem-estar geral das populações.
O alerta da OMS reforça que a solidão não é um problema individual, mas um fenômeno coletivo, social e político. Uma epidemia silenciosa, que exige reconhecer que vínculos humanos não são luxo são necessidade.
Por: Lais Pereira da Silva | Revisão: Daniela Gentil
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