O Brasil ultrapassou a marca de mil mortes por dengue em 2025. Segundo dados atualizados do painel do Ministério da Saúde, já são 1.008 óbitos confirmados pela doença em todo o país. Outros 817 casos fatais ainda estão sob investigação, o que pode elevar ainda mais o número nas próximas semanas.
Taxa de mortalidade
O estado de São Paulo lidera com ampla margem: são 692 mortes registradas, representando mais de 68% do total nacional. Em seguida, aparecem Paraná, com 84 óbitos, e Minas Gerais, com 73. Esses três estados concentram juntos quase 85% das mortes provocadas pela doença no Brasil em 2025.
A taxa de letalidade entre os casos prováveis é de 0,07%, segundo o painel do Ministério da Saúde. No entanto, o índice salta para 4,07% nos casos graves, o que reforça a importância do diagnóstico precoce, do acompanhamento médico e da ampliação das redes de atendimento hospitalar.
Na capital paulista, foram confirmadas 14 mortes, e o município já soma quase 47 mil casos da doença, conforme o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. A cidade tem investido em ações emergenciais como o aumento de agentes de combate às endemias, campanhas educativas e mutirões de limpeza para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti.
Ao todo, o estado de São Paulo já ultrapassou 770 mil casos prováveis, além de mais de mil diagnósticos de dengue grave, condição que pode provocar hemorragias, falência de órgãos e levar o paciente à morte. O cenário é considerado preocupante pelas autoridades de saúde, que alertam para a superlotação em hospitais e unidades de pronto atendimento.
Cidades do interior paulista têm chamado a atenção por sua alta taxa de infecção. Araraquara e São José do Rio Preto são os municípios com maior incidência proporcional de casos, registrando mais de 6,2 mil infectados para cada 100 mil habitantes. A situação levou essas cidades a decretarem estado de emergência em saúde pública.
Outros estados também enfrentam alta de casos e mortes, como o Distrito Federal, Rio de Janeiro e Bahia, embora em menor escala que os estados do Sudeste e Sul. Em diversas regiões, as prefeituras têm adotado medidas mais duras, como aplicação de multas para quem mantém focos do mosquito em casa, pulverização de inseticidas e suspensão de eventos ao ar livre.
Corrida por vacinas
Com o avanço da epidemia e o colapso em algumas redes de saúde pública, o Ministério da Saúde intensificou os esforços para ampliar a vacinação contra a dengue no Brasil. Atualmente, o país conta com estoques limitados da vacina Qdenga, aprovada pela Anvisa no ano anterior e recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A aplicação da vacina tem sido realizada em municípios selecionados com base em critérios técnicos, como alta incidência da doença, número de casos graves e óbitos. O público-alvo prioritário são crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de internações por complicações da dengue.
Segundo o Ministério da Saúde, estão em andamento negociações com o laboratório Takeda, fabricante da Qdenga, para a aquisição de novos lotes. Também há tratativas para que o Instituto Butantan, em São Paulo, acelere os estudos clínicos e possa, em breve, produzir uma vacina nacional contra a dengue, uma promessa antiga que voltou a ganhar força diante do agravamento da crise.
A expectativa é que, com a expansão da cobertura vacinal, campanhas de conscientização, investimento em saneamento básico e ações de combate ao mosquito vetor, seja possível frear o avanço da doença ainda em 2025. Até lá, especialistas recomendam à população reforçar os cuidados preventivos, como evitar água parada, utilizar repelente e procurar atendimento médico ao primeiro sinal de sintomas como febre alta, dores no corpo, manchas na pele e vômitos persistentes.
Por Alemax Melo I Revisão: Lorrayne Rosseti
Leia também: Prefeitura de SP amplia vacinação contra a gripe para toda a população a partir desta segunda-feira