Na tarde dessa quinta-feira (29), durante uma audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo, que deveria tratar a regulamentação do serviço de mototáxi por aplicativos na capital paulista, terminou em discurssões e briga. O vereador Lucas Pavanato (PL) e o presidente do Sindicato dos Motociclistas de São Paulo (Sindimoto-SP), Gilberto Almeida dos Santos, protagonizaram um confronto físico que interrompeu a sessão.
A audiência foi organizada com o objetivo de ouvir representantes de todos os setores envolvidos na proposta de regulamentar o transporte de passageiros por motocicletas, incluindo motoristas autônomos, sindicatos, empresas de aplicativo, vereadores e representantes da Prefeitura.
A medida, embora vista como uma alternativa de renda e mobilidade, vem sendo duramente criticada por entidades que denunciam a ausência de garantias básicas aos trabalhadores do setor.
Na tribuna, Gilberto Santos, que lidera o Sindimoto-SP, subiu o tom ao condenar o avanço de plataformas digitais como as principais responsáveis pela precarização do trabalho dos motoboys. Segundo ele, os aplicativos promovem uma relação abusiva, exploram os trabalhadores, não oferecem qualquer amparo previdenciário e ainda incentivam práticas arriscadas no trânsito.
“Esses serviços não respeitam a vida do trabalhador. Estamos lutando para garantir segurança e dignidade a esses profissionais”, afirmou.
O vereador Lucas Pavanato, conhecido por ter uma postura combativa em defesa das soluções tecnológicas de transporte, reagiu de maneira contundente às falas do sindicalista.
Na réplica, Pavanato acusou o presidente do sindicato de utilizar o debate como palco político e o chamou de “pelego rejeitado”, insinuando que a entidade sindical não tem mais a representatividade que alega.
A acusação acendeu os ânimos na sala. Irritado, Gilberto Santos desceu da tribuna, caminhou até o vereador e, aos gritos, o agarrou pela camisa, iniciando um empurra-empurra que levou os agentes da Guarda Civil Metropolitana a intervir imediatamente.

A cena causou tumulto, interrompendo a audiência e deixando outros parlamentares e participantes visivelmente constrangidos.
Após alguns minutos de confusão, a sessão foi suspensa temporariamente. Do lado de fora, assessores tentavam conter os envolvidos, enquanto representantes da sociedade civil lamentavam a transformação de um espaço de escuta e formulação de políticas públicas em palco de agressão.
“É inadmissível esse tipo de comportamento num espaço democrático. Estamos aqui para construir soluções, não para assistir a brigas de ego”, comentou uma das participantes da audiência.
A Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas fontes ligadas à gestão municipal indicam que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) não é favorável à liberação do serviço, alegando preocupações com a segurança viária.
Por outro lado, o vereador Pavanato sustenta que a regulamentação daria mais autonomia aos trabalhadores e atenderia a uma crescente demanda da população por transporte rápido e acessível, principalmente em áreas com baixa cobertura de transporte público.

Enquanto isso, o tema segue polarizando opiniões. De um lado, defensores dos aplicativos alegam que a proibição só aumentaria a informalidade. De outro, sindicatos e entidades ligadas à segurança no trânsito alertam que motos transportando passageiros aumentam o risco de acidentes fatais e tornam mais frágil a relação de trabalho.
A Câmara Municipal divulgou nota lamentando o episódio, destacando que o espaço da audiência pública é justamente para fomentar o diálogo entre os diversos segmentos da sociedade. Ainda não há definição se será aberta uma sindicância para apurar a conduta dos envolvidos.
Por Alemax Melo I Revisão: Indra Miranda
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