O economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008, publicou nesta terça-feira (22) um artigo em seu blog no Substack com fortes elogios ao sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, o PIX. Intitulado “O Brasil inventou o futuro do dinheiro? E será que chegará para os EUA?”, o texto contrasta a eficiência do modelo brasileiro com a resistência dos Estados Unidos em adotar soluções similares.
A publicação acontece logo após declarações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que criticou o PIX, alegando que o sistema brasileiro prejudica empresas financeiras dos EUA. Em resposta indireta, Krugman destacou que o Parlamento americano chegou a aprovar uma legislação que impede o Federal Reserve (o banco central dos EUA) de criar sua própria moeda digital, algo que, segundo ele, poderia ser análogo ao PIX brasileiro.
Ao longo do artigo, Krugman apresenta uma série de comparações para mostrar o avanço tecnológico e institucional do Brasil nesse campo. O economista destaca que o PIX permite a liquidação de transações em apenas três segundos, enquanto cartões de débito podem levar até dois dias, e os de crédito, até 28 dias. Além disso, ele aponta a vantagem econômica para os comerciantes: o custo médio por transação com PIX é de 0,33%, contra 1,13% dos cartões de débito e 2,34% dos de crédito.
“O Brasil realmente criou algo revolucionário. E, surpreendentemente, conseguiu uma enorme adesão popular”, escreve Krugman, ao mencionar que cerca de 90% da população brasileira já utiliza o sistema de pagamentos instantâneos.
O economista também faz uma crítica velada à política e à estrutura institucional dos Estados Unidos, ao afirmar que “a maioria das pessoas provavelmente não considera o Brasil um líder em inovação financeira. Mas a economia política do Brasil é claramente muito diferente da nossa, por exemplo, eles realmente levam ex-presidentes que tentam anular eleições a julgamento.”
Krugman finaliza o artigo com uma reflexão sobre o futuro: “outras nações podem aprender com o sucesso do Brasil no desenvolvimento de um sistema de pagamento digital. Mas os EUA provavelmente permanecerão presos a uma combinação de interesses pessoais e fantasias com criptomoedas.”
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
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