A guerra na Faixa de Gaza, marcada por números alarmantes de mortos e feridos, silenciou no último 24 de maio uma das vozes mais doces e inspiradoras da região. Yaqeen Hammad, uma menina palestina de apenas 11 anos, conhecida nas redes sociais por seu ativismo humanitário e pelas mensagens de coragem em meio ao caos, foi morta em um ataque aéreo israelense que atingiu a casa onde vivia com a família, em Deir al-Balah, na região central do território.
Yaqeen não era uma criança comum. Com uma maturidade rara para a idade, usava seu perfil nas redes sociais para documentar a vida sob bombardeios, falar diretamente com outras crianças palestinas e transmitir palavras de apoio e resistência. Tornou-se, para muitos, um símbolo de esperança dentro de uma realidade que, dia após dia, destrói infâncias, famílias e sonhos.
Considerada a influencer mais jovem de Gaza, Yaqeen compartilhava vídeos e imagens de sua rotina, mesclando momentos de doçura com alertas de segurança, conselhos de sobrevivência e apelos pela paz. Seu rosto, quase sempre sorridente mesmo diante do medo, tornou-se conhecido entre internautas de diversas partes do mundo, que passaram a acompanhar sua trajetória e admirar sua força.
Mais do que presença digital, Yaqeen se envolvia ativamente no socorro aos mais vulneráveis. Atuava como voluntária na organização não-governamental Ounea, dedicada a ajudar famílias deslocadas pela guerra. Junto ao irmão, participava da entrega de alimentos, roupas e brinquedos a comunidades em situação extrema. Era comum vê-la distribuindo alegria onde só havia dor.
Segundo informações do jornal britânico The Guardian, o bombardeio atingiu a residência da família no bairro Al-Baraka. Os escombros encobriram sonhos, memórias e a própria vida da menina, cujo corpo foi encontrado sem sinais vitais. A tragédia gerou uma onda de comoção e indignação nas redes sociais. Centenas de mensagens de despedida e homenagens tomaram conta das plataformas onde Yaqeen era ativa, transformando seu perfil em um memorial digital de resistência e ternura.
“A Yaqeen era a nossa luz. Uma criança que ensinava os adultos o que era a verdadeira coragem. Hoje choramos não apenas a sua morte, mas o silêncio que fica no lugar da sua voz”, escreveu uma seguidora.
Os números do conflito, atualizados por autoridades palestinianas, revelam a dimensão do sofrimento na região: mais de 54 mil mortos e 123 mil feridos desde o início da ofensiva israelense. Somente no dia 24 de maio, data da morte de Yaqeen, os ataques teriam causado 79 mortes e 163 feridos em diferentes localidades de Gaza.
A história de Yaqeen Hammad é um retrato cruel da perda da infância em tempos de guerra. Mas também é uma lembrança do poder transformador da empatia e da esperança, mesmo quando tudo parece ruir. Sua morte interrompe uma vida, mas ecoa um legado que ultrapassa fronteiras: o de uma criança que decidiu, em meio aos escombros, acreditar no amor.
Por Alemax Melo I Revisão: Laís Queiroz
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