A Justiça de São Paulo manteve, neste sábado (16), a prisão preventiva do influenciador paraibano Hytalo Santos e do marido dele, Israel Nata Vicente, após audiência de custódia realizada de forma online. O casal foi detido na sexta-feira (15) em uma residência localizada em Carapicuíba, na Grande São Paulo, em cumprimento a mandados expedidos pela 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba.
Segundo a decisão, o objetivo da audiência era verificar possíveis ilegalidades na prisão, o que não foi constatado. Assim, os dois permanecem sob custódia, enquanto aguardam definição sobre o presídio para onde serão encaminhados na capital paulista, antes de eventual transferência para a Paraíba.
Acusações e investigações
Hytalo e Israel são investigados pelo Ministério Público da Paraíba (MP-PB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) por suposta exploração e exposição de menores de idade em conteúdos para redes sociais. O caso ganhou repercussão nacional após denúncias feitas pelo youtuber Felca, que apontou práticas de “adultização” de crianças e adolescentes.
O juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, responsável pela decisão, afirmou que há fortes indícios de tráfico de pessoas, exploração sexual, trabalho infantil, produção e divulgação de vídeos com conteúdo sexual envolvendo menores e constrangimento de crianças e adolescentes.
Para o magistrado, a prisão é necessária para impedir destruição ou ocultação de provas e evitar intimidação de testemunhas. Ele citou que os investigados já teriam removido materiais, destruído evidências e esvaziado residências de forma apressada, além de ocultar valores e veículos.
Suspeita de rota de fuga
O delegado Fernando David de Melo Gonçalves, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), afirmou que informações colhidas pela polícia indicavam que o casal estaria em rota de fuga para fora do Brasil.
“Não sabemos quais países seriam o destino, mas poderia ser por Foz do Iguaçu ou pelo Sul do país mesmo”, disse o delegado.
Foz do Iguaçu, no Paraná, faz fronteira com Paraguai e Argentina e, para entrar em países do Mercosul, brasileiros podem viajar apenas com documento de identidade, sem passaporte.
Durante a prisão, a polícia apreendeu oito celulares, quatro com cada um dos detidos e um veículo Land Rover com registro na Paraíba. Além do casal, outras oito pessoas estavam no imóvel, mas foram liberadas por não serem procuradas pela Justiça.
Defesa contesta prisão
A defesa de Hytalo e Israel afirmou que o mandado de prisão é “genérico” e “ilegal” e informou que já protocolou pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em nota, os advogados Felipe Cassimiro e Sean Abib reafirmaram a inocência dos clientes, destacando que eles sempre se colocaram à disposição das autoridades e negam qualquer envolvimento em atos contra a dignidade de crianças e adolescentes.
“Confiamos no devido processo legal e na sensatez do Poder Judiciário”, declararam.
Operação conjunta
A prisão foi resultado de uma operação que envolveu o MP-PB, MPT, Polícia Civil da Paraíba e de São Paulo, além da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
As ordens judiciais, expedidas pela 2ª Vara de Bayeux, também determinaram busca e apreensão de celulares e computadores, bloqueio das redes sociais de Hytalo, desmonetização dos vídeos já publicados e proibição de contato com as supostas vítimas.
Na quinta-feira (14), agentes cumpriram mandado de busca na casa do influenciador em João Pessoa e apreenderam um computador e aparelhos celulares. No dia anterior, a primeira tentativa de busca havia encontrado o imóvel vazio.
Denúncias anteriores a vídeo de Felca
De acordo com o MP-PB, as investigações contra Hytalo começaram ainda em 2024 e estão divididas entre as promotorias de Bayeux e João Pessoa.
- Em Bayeux, a promotora Ana Maria França apura denúncias de vizinhos que relataram festas com adolescentes fazendo topless e consumo de bebida alcoólica na casa do influenciador.
- Em João Pessoa, o promotor João Arlindo investiga suspeita de um esquema para emancipar menores de idade em troca de presentes, como celulares, entregues às famílias.
Nos dois casos, Hytalo foi ouvido e negou as acusações. Adolescentes só prestaram depoimento no processo de João Pessoa para evitar revitimização.
Atuação do Ministério Público do Trabalho
O MPT também conduz uma investigação própria. Segundo o procurador Flávio Gondim, foram analisados mais de 50 vídeos e colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas ligadas à produção de conteúdo do influenciador.
“A análise foi criteriosa e envolveu documentos e relatos de pessoas que trabalharam para ele em diferentes momentos”, explicou o procurador.
Com a manutenção da prisão preventiva, Hytalo Santos e Israel Nata Vicente permanecem à disposição da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo até decisão sobre o recambiamento para a Paraíba. O habeas corpus da defesa ainda será analisado pela Justiça paulista.
Enquanto isso, segue em andamento as investigações criminais, cíveis e trabalhistas relacionadas ao caso, que devem ter novos desdobramentos nos próximos dias.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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