Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram um método rápido, barato e preciso para identificar contaminação por metanol em bebidas alcoólicas.
A tecnologia alcança 97% de precisão e usa luz infravermelha para analisar o líquido sem precisar abrir a garrafa. Agora, a equipe trabalha em um canudo inteligente que muda de cor ao entrar em contato com o metanol, oferecendo uma forma prática de prevenção para consumidores.
De acordo com a pró-reitora de Pós-Graduação da UEPB, professora Nadja Oliveira, o objetivo é tornar o processo acessível à população. “Estamos desenvolvendo um canudo impregnado com a substância química que reage ao metanol. Ao detectar a contaminação, ele muda de cor, oferecendo uma forma simples e segura de identificar a bebida adulterada”, explicou.
A proposta foi criada a partir de uma pesquisa sobre controle de qualidade em cachaças, em 2023, mas também pode ser aplicada em outros tipos de destilados, como vodca, uísque e rum.
UEPB apresenta projeto ao Ministério da Saúde
Em meio ao aumento de casos suspeitos de intoxicação por metanol no país, representantes da UEPB e do Ministério da Saúde se reuniram no sábado (4) para discutir a aplicação da tecnologia desenvolvida pelo departamento de Química da universidade. O encontro, realizado de forma virtual, contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que intermediou o diálogo.
O objetivo foi apresentar os resultados preliminares da pesquisa e discutir formas de implementação em larga escala, com apoio federal e institucionalização das ações de combate à adulteração de bebidas.

Durante a reunião, os pesquisadores detalharam o funcionamento do método e demonstraram o potencial do equipamento para uso em laboratórios e órgãos fiscalizadores. “A expectativa é que o projeto seja encaminhado oficialmente ao Ministério da Saúde, com possibilidade de apoio técnico e financeiro”, afirmou a pró-reitora de Pós-Graduação da UEPB.
Como funciona o método?
O método utiliza um equipamento que emite luz infravermelha sobre a garrafa, mesmo que lacrada. A luz provoca vibrações nas moléculas da bebida, e um software interpreta os dados para identificar substâncias estranhas à composição original. Com isso, é possível detectar metanol, diluição com água ou outros compostos adulterantes em poucos minutos, sem necessidade de reagentes químicos.

Segundo o pesquisador David Fernandes, autor do artigo científico, “A técnica permite identificar se a bebida foi adulterada com compostos que não pertencem à produção original, incluindo fraudes com água ou solventes perigosos”.
Por: Marília Duarte | Revisão: Laís Queiroz
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