A crise política no Corinthians ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (26). Em uma votação realizada no tradicional Parque São Jorge, os conselheiros do clube aprovaram o impeachment de Augusto Melo, que está agora oficialmente afastado da presidência. A decisão, no entanto, ainda precisa ser ratificada pelos sócios da agremiação.
Foram 176 votos favoráveis ao afastamento, contra 57 contrários. Um voto foi anulado e outros dois conselheiros se abstiveram. O resultado confirma a insatisfação generalizada com a gestão de Melo, que assumiu o comando do clube em 2 de janeiro de 2024.
Antes mesmo da reunião do Conselho, Augusto Melo fez um pronunciamento admitindo a derrota e se despedindo do clube. O afastamento tem efeito imediato. Em seu lugar, assume interinamente o primeiro vice-presidente, Osmar Stabile.
Agora, cabe a Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo, convocar a assembleia geral dos associados no prazo máximo de cinco dias. A expectativa é de que os sócios sejam chamados às urnas dentro de aproximadamente 30 dias. Se a maioria deles votar contra o impeachment, Melo reassume imediatamente. Caso contrário, o Conselho realizará uma eleição indireta para escolher o novo presidente, entre os seus próprios membros.
O escândalo “VaideBet” e os motivos do afastamento
O principal ponto que motivou a abertura do processo de impeachment foi o escândalo envolvendo a empresa de apostas VaideBet. O presidente Augusto Melo foi indiciado pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. Também foram citados Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing) e o empresário Alex Fernando André, conhecido como Cassundé.
Até recentemente, Augusto contava com o apoio de importantes torcidas organizadas, que foram essenciais em sua eleição. No entanto, esse suporte se desfez nas últimas semanas. Na sexta-feira (23), Gaviões da Fiel, Camisa 12, Fiel Macabra e Estopim da Fiel divulgaram nota pedindo seu afastamento imediato.
Além do caso VaideBet, outros três processos de impeachment estão em andamento. Um deles trata da ausência de informações sobre pendências financeiras do clube. Outro foi protocolado após a reprovação das contas da atual gestão. E o mais recente, foi apresentado pela Comissão de Justiça do Corinthians no início de maio.
O cenário é tenso no Parque São Jorge. Enquanto a bola rola dentro de campo, fora dele, o Timão vive uma batalha institucional que promete arrastar-se por mais algumas semanas e cujos desdobramentos podem definir o futuro político do clube.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniela Gentil
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