Dados levantados na última segunda-feira (28), por meio de consulta a 15 estados brasileiros, revelam que em 13 unidades da federação, menos da metade das crianças e adolescentes entre 10 a 14 anos retornaram para completar a imunização contra a dengue.
Este cenário acende um alerta para a saúde pública, pois a proteção contra a doença pode não ser suficiente com apenas uma aplicação, e há preocupação com o desperdício de doses já distribuídas. As informações são do jornal O Globo.
O Cenário preocupante da imunização incompleta
Enquanto Rio de Janeiro e Distrito Federal se destacam com taxas de retorno superiores a 50% (67% e 53,8% respectivamente), a maioria dos estados apresenta um quadro crítico.
Em alguns locais, a situação é ainda mais desafiadora, com a primeira dose sequer atingindo 50% do público-alvo elegível. No Pará, por exemplo, apenas 12,3% das 477.732 pessoas aptas receberam a primeira dose um ano após o início da vacinação.
Especialistas reforçam que uma única dose pode não gerar a resposta imunológica necessária contra a dengue, tornando a segunda aplicação, com intervalo mínimo de três meses, indispensável para a eficácia da vacina.
Desafios Estratégias do Ministério da Saúde
Desde o início da vacinação em 2024, o Brasil aplicou mais de 5,7 milhões de doses da vacina Qdenga, sendo 4 milhões de primeiras e 1,7 milhão de segundas doses. Diante da baixa adesão, o Ministério da Saúde tem orientado estados e municípios a intensificar a busca ativa por aqueles que ainda não completaram o ciclo vacinal.
Contudo, a campanha enfrenta desafios com a interrupção da vacinação em escolas após um histórico de reações alérgicas. A orientação atual permite a imunização em escolas apenas com estrutura adequada para emergências e profissionais capacitados para lidar com uma possível anafilaxia. Também é necessário o acesso a medicamentos como adrenalina, anti-histamínicos e corticosteróides.
Gestão de estoque para evitar desperdício
A capacidade limitada da farmacêutica japonesa Takeda para atender a demanda nacional levou o governo a adotar uma estratégia de vacinação restrita. Curiosamente, dados obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam que o Ministério da Saúde mantém mais de um milhão de frascos de vacina em estoque.
Para evitar o desperdício de doses próximas ao vencimento, a pasta autorizou a ampliação da faixa etária para 6 a 16 anos quando os frascos têm até dois meses de validade. Se restar apenas um mês de validade, a vacinação pode ser estendida até o limite previsto na bula, de 4 a 59 anos, considerando a quantidade disponível e a situação epidemiológica local.
As primeiras remessas da vacina Qdenga chegaram ao Brasil em janeiro de 2024, e novas doses foram adquiridas para 2024 e 2025, totalizando 15,5 milhões de frascos contratados.
Por: Iamara Lopes | Revisão: Redação
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