A Itália se prepara para um evento sem precedentes: na próxima sexta-feira, 3 de outubro, o país inteiro será impactado por uma greve nacional, inicialmente prevista para o dia 4, mas antecipada diante da adesão massiva da população civil, sindicatos e profissionais de setores essenciais. Médicos, professores, bombeiros, funcionários de transporte público e serviços de entrega farão parte de uma mobilização que promete suspender quase todas as atividades cotidianas do país.
O movimento surge em meio a semanas de protestos intensos, que tomaram cidades e praças italianas, frequentemente culminando em confrontos violentos entre manifestantes e forças policiais. Tentativas de invasão a aeroportos e estações ferroviárias deixaram um saldo de mais de 400 feridos e 1.200 detidos somente no último fim de semana. Os protestos refletem a crescente pressão da sociedade italiana por uma postura mais assertiva do governo em relação ao conflito em Gaza, exigindo, entre outras medidas, o reconhecimento da Palestina como Estado soberano.
Para a primeira-ministra Giorgia Meloni, a mobilização representa um desafio político e diplomático sem precedentes. Tradicionalmente alinhada a Israel e mantendo relações estreitas com líderes internacionais como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Donald Trump, Meloni agora enfrenta um clamor interno de magnitude inédita, que une trabalhadores do serviço público e cidadãos comuns em uma demanda por justiça e humanitarismo internacional.
Analistas destacam que a greve de 3 de outubro transcende uma simples reivindicação trabalhista. Trata-se de um momento de engajamento civil profundo, que expõe tensões políticas, sociais e diplomáticas do país, enquanto milhões de italianos se preparam para interromper suas rotinas e participar de uma mobilização histórica, talvez a maior já registrada na Europa ocidental nos últimos tempos.
Durante os próximos dias, escolas, universidades, hospitais, transporte público e serviços essenciais ficarão paralisados, evidenciando a força coletiva da população civil e a pressão crescente sobre o governo italiano. O país inteiro se encontra em alerta, à espera do desenrolar de uma greve que pode redefinir o panorama político e social da Itália.
Por David Gonçalves, correspondente MD na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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