A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai decidir nesta quarta-feira (16) se farmácias de todo o país serão obrigadas a reter a receita médica na hora da venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e outros produtos similares.
Hoje, o consumidor já precisa apresentar uma prescrição médica no ato da compra, mas pode sair com a receita em mãos. A proposta em análise pela diretoria da Anvisa visa mudar esse procedimento, obrigando os estabelecimentos a reterem a receita, como já ocorre com antibióticos e psicotrópicos.
A discussão começou há cerca de um mês e faz parte de uma estratégia para conter o uso indiscriminado de medicamentos à base de semaglutida e liraglutida. As substâncias originalmente desenvolvidas para o tratamento do diabetes tipo 2, são amplamente utilizadas com fins estéticos, especialmente para emagrecimento.
Os diretores da Anvisa também devem avaliar critérios para a prescrição, controle, embalagem e rotulagem desses medicamentos, considerados de uso controlado. A proposta inclui não apenas os produtos isolados, mas também as formulações que combinam essas substâncias com outras.
Dados da própria agência apontam que 32% das notificações de eventos adversos no Brasil estão associadas ao uso incorreto desses medicamentos — número mais que o triplo da média global, que gira em torno de 10%. O dado preocupa autoridades sanitárias, que observam com cautela a popularização desses fármacos fora do contexto clínico adequado.
Caso a nova regra seja aprovada, as farmácias terão de ajustar seus procedimentos imediatamente, passando a reter as receitas e reforçando o controle sobre a venda. A expectativa é que a medida ajude a reduzir os casos de automedicação, uso sem acompanhamento médico e os efeitos colaterais que vêm sendo relatados com frequência crescente.
A decisão da Anvisa pode marcar um novo capítulo na regulação do uso de medicamentos voltados ao emagrecimento e ao controle do diabetes, reforçando a necessidade de orientação médica e controle mais rigoroso na venda desses produtos.
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Por Alemax Melo | Revisão: Camilly Barros