A seleção brasileira de ginástica rítmica segue escrevendo uma das páginas mais vitoriosas de sua história. Neste sábado (19), o conjunto nacional alcançou um feito inédito: a primeira medalha de ouro do Brasil no conjunto geral em uma etapa da Copa do Mundo da modalidade. O resultado veio durante a etapa realizada em Milão, na Itália, e consolida a ascensão da equipe no cenário internacional às vésperas do Campeonato Mundial, que será disputado em solo brasileiro.
A conquista foi garantida com uma performance envolvente e tecnicamente precisa na série mista (três bolas e dois arcos). Com trilha sonora brasileira o clássico “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, as ginastas Duda Arakaki, Maria Paula Caminha, Mariana Gonçalves, Sofia Pereira e Nicole Pírcio somaram 26.900 pontos na apresentação deste sábado. O resultado, somado aos 25.950 obtidos na sexta-feira (18), totalizou 52.850 pontos, superando as fortes seleções do Japão (50.500) e da China (50.200), que completaram o pódio.
A vitória consagra o trabalho que vem sendo desenvolvido pela comissão técnica liderada pela treinadora Camila Ferezin, que comemorou o resultado com emoção e olhos voltados para o futuro.
Esta é uma etapa da Copa do Mundo que antecede o Campeonato Mundial que será na nossa casa. Conquistamos esta que é nossa primeira medalha de ouro no conjunto geral numa Copa. Já havíamos conseguido bronze e prata, e agora subimos mais este degrau. Estamos felizes, e sabemos que neste domingo poderá ser ainda melhor – disse Camila, visivelmente orgulhosa.
Consistência e talento em alta no ciclo olímpico
A campanha em Milão reforça a boa fase vivida pela ginástica rítmica brasileira no ciclo olímpico rumo a Paris 2024. A equipe tem demonstrado consistência nas séries, aliando criatividade coreográfica, dificuldade técnica e segurança na execução dos movimentos.
O ouro em Milão vem pouco tempo depois de outra grande conquista: o primeiro lugar no conjunto geral da etapa de Portimão, em maio, válida pela World Challenge Cup, um torneio paralelo, mas também importante no calendário da Federação Internacional de Ginástica (FIG). Na ocasião, o Brasil já havia demonstrado potencial para rivalizar com potências tradicionais como Bulgária, Itália e China.
Com o resultado deste sábado, o país consolida-se como uma das forças emergentes da ginástica rítmica no cenário global, um feito que, há poucos anos, parecia distante diante da hegemonia europeia e asiática.
Brilho também no individual com Bárbara Domingos
Se o conjunto brilhou em Milão, o individual não ficou para trás. Bárbara Domingos, principal nome da ginástica rítmica brasileira na categoria solo, também teve um desempenho sólido durante as apresentações. A atleta curitibana terminou o individual geral na nona colocação, entre as melhores do mundo, e garantiu vaga em três finais por aparelhos: fita, arco e bola.
Bárbara já havia mostrado sua força em outras etapas do circuito e é uma das apostas da delegação brasileira para as disputas internacionais do segundo semestre, incluindo o Mundial e os Jogos Pan-Americanos. Sua técnica refinada, somada a uma expressividade artística marcante, a colocam como uma competidora respeitada pelas rivais e querida pelo público.
Expectativas para domingo
O encerramento da etapa de Milão acontece neste domingo (20), quando o Brasil voltará ao tablado para disputar as finais da série de cinco fitas e também da série mista (três bolas e dois arcos), onde as brasileiras já demonstraram domínio técnico.
Se repetir o bom desempenho, o conjunto brasileiro pode sair da Itália com mais medalhas e ainda mais moral para o Mundial, que será realizado em setembro, no Rio de Janeiro. O evento promete ser um divisor de águas para a ginástica rítmica nacional, que deve contar com apoio massivo da torcida local.
Ginástica rítmica em alta no Brasil
Os recentes resultados internacionais não são fruto do acaso. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) tem investido em estrutura, capacitação técnica e intercâmbio com países de ponta. Além disso, o aumento da visibilidade da modalidade na mídia e nas redes sociais tem atraído novos talentos e patrocinadores.
Com atletas jovens e promissoras como Duda Arakaki e Sofia Pereira, o conjunto brasileiro tem mostrado renovação e maturidade precoce. Ao mesmo tempo, a experiência de ginastas como Bárbara Domingos garante equilíbrio ao time em momentos decisivos.
Desempenho com assinatura brasileira
Um dos pontos altos das apresentações brasileiras é a identidade cultural impressa nas coreografias. A escolha de músicas nacionais, como “Evidências”, proporciona um vínculo emocional com o público e reforça a originalidade da equipe.
A gente quer mostrar ao mundo quem somos, com nossas músicas, nossos movimentos e nosso jeito de fazer ginástica. O Brasil tem alma, tem arte, e queremos colocar isso em cada série — explicou Mariana Gonçalves, uma das integrantes do conjunto, após a apresentação vitoriosa.
Rumo a Paris com confiança
Faltando menos de um ano para os Jogos Olímpicos de Paris, a seleção brasileira de ginástica rítmica vive um de seus melhores momentos. O resultado em Milão é simbólico: é o reflexo do trabalho duro, do planejamento estratégico e do talento de uma geração que não teme o protagonismo.
A próxima parada será o Campeonato Mundial, uma oportunidade de ouro para consolidar o nome do Brasil entre as potências da modalidade e, quem sabe, sonhar com pódio olímpico.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil
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