O governador de Goiás e presidente nacional do União Brasil, Ronaldo Caiado, anunciou neste domingo (5) a convocação de uma reunião da Executiva Nacional do partido para a próxima quarta-feira (8). O encontro, que ocorrerá em Brasília, tem como pauta principal a expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino, por “reiterada infidelidade partidária”.
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A medida é resultado de semanas de atrito entre a cúpula da legenda e o ministro, que permanece no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mesmo após o partido determinar o desligamento de todos os filiados em cargos na atual gestão federal.
“Após tratativas com o presidente Antonio de Rueda, comunico que está decidida a realização, na próxima quarta-feira, dia 8 de outubro, de reunião da Executiva Nacional do União Brasil para deliberar sobre a expulsão do deputado Celso Sabino”, publicou Caiado em suas redes sociais.
Diretório do Pará também na mira
Segundo o governador, a Executiva também analisará a dissolução do diretório do União Brasil no Pará, atualmente sob o comando de Sabino. Se a proposta for aprovada, a direção partidária no estado será completamente reestruturada, com novas nomeações em municípios estratégicos.
“Na ocasião, decidiremos a dissolução do Diretório do Pará, com a consequente reestruturação do partido nos municípios daquele estado, a fim de que o União Brasil seja comandado por quem realmente se posiciona contra o governo do PT e luta contra a venezuelização do nosso país”, detalhou Caiado.
A declaração sinaliza o endurecimento do União Brasil contra a presença de seus membros no governo. Embora a sigla integre formalmente a base de apoio de Lula, uma ala significativa, liderada por figuras do Centro-Oeste e do Sudeste, defende um rompimento definitivo com o Palácio do Planalto.
O impasse de Celso Sabino
Celso Sabino foi nomeado ministro do Turismo em julho de 2023, como parte das negociações que garantiram espaço ao União Brasil na Esplanada dos Ministérios. Antes dele, o partido ocupava as pastas das Comunicações e do Desenvolvimento Regional, mas perdeu os postos em meio ao avanço das tensões internas.
Em 26 de setembro, Sabino chegou a anunciar sua saída do governo, afirmando seguir uma orientação partidária e ter entregue sua carta de demissão ao presidente Lula. Contudo, sua permanência no cargo não foi efetivada.
No mês passado, a Executiva Nacional do União Brasil estabeleceu um prazo de 24 horas para que todos os filiados em cargos no governo deixassem seus postos, sob pena de serem enquadrados por infidelidade partidária, uma prática passível de expulsão. Em nota, o partido justificou a medida como uma busca por “coerência política”, afirmando que não é possível apoiar uma gestão da qual decidiu oficialmente se afastar.
O contexto político
A crise reflete a disputa pela identidade política do União Brasil, partido criado em 2022 a partir da fusão entre DEM e PSL. Com uma das maiores bancadas no Congresso, a legenda é marcada por profundas divergências regionais e ideológicas.
Enquanto o grupo liderado por Ronaldo Caiado e Antonio de Rueda defende uma oposição firme ao governo Lula, outras lideranças, principalmente do Norte e Nordeste, adotam uma postura mais pragmática, mantendo o diálogo com o Planalto para garantir recursos e espaço político. Sabino, deputado federal pelo Pará, tem atuado como um interlocutor do governo, o que ampliou o desconforto entre seus correligionários.
Possíveis desdobramentos
A reunião de quarta-feira deve selar um dos capítulos mais tensos na história recente do partido. Se a expulsão for confirmada, o ministro perde o direito de representar a legenda e pode enfrentar consequências eleitorais. Nos bastidores, aliados de Sabino afirmam que ele pretende recorrer da decisão, argumentando que sua permanência no cargo ainda está em negociação.
No Palácio do Planalto, a possível saída de Sabino é vista com preocupação, pois pode ser interpretada como um novo sinal de ruptura com setores do centro político, dificultando articulações no Congresso. Fontes do governo, no entanto, afirmam que a decisão sobre a continuidade do ministro será tomada em conjunto com ele, sem interferência direta nas disputas partidárias.
A ofensiva contra Sabino também reforça o protagonismo de Ronaldo Caiado, que se consolida como uma das principais vozes conservadoras do partido e articula um projeto político nacional para 2026.
Por: Alemax Melo | Revisão: Laís Queiroz
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