A morte, em menos de um mês, de duas crianças, de 8 e 11 anos, por parada cardiorrespiratória após inalação de desodorante aerossol durante desafios pela internet, levou a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a pedir um basta a esses desafios disseminados nas plataformas digitais. A entidade também quer a colaboração da sociedade na prevenção de novos casos.
A campanha “#Menos Telas #Mais Saúde”, desenvolvida pelo grupo de trabalho Saúde na Era Digital da SBP, reforça o alerta sobre os perigos escondidos por trás de desafios espalhados pela internet. Uma das recomendações é para pediatras falarem aos pais, durante as consultas, sobre os riscos de acesso a jogos digitais que estão cada vez mais presentes na vida de crianças e adolescentes.
Jogos perigosos
Segundo dados do Instituto DimiCuida, pelo menos 56 crianças e adolescentes, de 7 a 18 anos, morreram ou tiveram ferimentos graves entre 2014 e 2025 ao participar de jogos ou desafios online. Entre os comportamentos de risco mais comuns estão práticas de sufocamento, asfixia, apneia e autoagressão.
O caso mais recente ocorreu no último dia 13, em Ceilândia, Distrito Federal, com a menina Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8 anos. O avô encontrou a criança caída no chão, com o frasco de desodorando ao lado. A tia confirmou que a garota participava de desafio pela internet.
A polícia abriu inquérito para investigar como a criança teve acesso à plataforma digital e quem a induziu a participar do desafio.
De olho na rotina
Especialistas orientam pais e cuidadores a participar da rotina dos filhos, especialmente na supervisão de atividades online, estabelecendo regras claras sobre segurança, privacidade e bloqueio de mensagens inapropriadas, violentas ou discriminatórias. Além disso, devem orientar sobre a necessidade de evitar desafios perigosos.
A SBP também quer atenção e conscientização de educadores, psicólogos e profissionais da área de saúde mental que trabalham com crianças e adolescentes em diferentes comunidades e circunstâncias.
Regras de segurança
A campanha ressalta que crianças e adolescentes sejam orientados e aprendam sobre regras de segurança e como lidar de forma respeitosa com os colegas nas escolas.
Outro ponto é a importância de denunciar conteúdos com teor inapropriado e desafios que possam levar a riscos físico e mental, para que sejam bloqueados e excluídos da internet tão logo sejam postados.
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Cristina Christiano é jornalista com extensa carreira profissional, tendo atuado em diversos veículos impressos e audiovisuais nas áreas de polícia, justiça, saúde, educação, comportamento, urbanismo, direitos humanos, economia, entre outras. Fez diversas reportagens especiais, além de séries de repercussão e recebeu já vários prêmios por seu trabalho.