População acima de 50 anos será a mais atingida, segundo estudo da Fundação do Câncer
No Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal (CCR), comemorado nesta quinta-feira, um estudo inédito da Fundação do Câncer projeta crescimento de 21% no número de casos da doença para os próximos 15 anos, na mesma proporção entre homens e mulheres. A faixa etária acima de 50 anos será a mais atingida.
O CCR é o quarto tipo de tumor maligno que mais afeta a população no mundo e o terceiro no Brasil, ficando atrás apenas dos de pulmão e mama.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o CCR representa 10% de todos os tipos de câncer globais, com 1,9 milhão de novos diagnósticos anuais e 935 mil mortes.
A projeção feita no estudo da Fundação do Câncer é de que, em 2030, 58.830 pessoas sejam diagnosticadas com a doença, com incidência de 27,11% de casos a cada 100 mil habitantes. Já, em 2035, chegará a 65.200, na proporção de 29,728 por 100 mil habitantes, enquanto em 2040 aumentará para 71.050 casos, com taxa de 32,24 a cada 100 mil habitantes.
Por que a doença está crescendo?
Especialistas atribuem o aumento nos diagnósticos ao envelhecimento da população, à baixa adesão à prática de hábitos saudáveis e à falta de programas de rastreamento eficazes. ”Não há um protocolo brasileiro para rastreamento do câncer colorretal. Nos modelos europeus e norte-americanos, a indicação é de que o exame de colonoscopia seja feito a cada 10 anos, a partir dos 50 anos, para casos assintomáticos. Apenas com um sistema organizado de rastreamento poderemos alterar os achados, oferecer tratamento adequado e melhorar os índices de mortalidade no país”, explica o epidemiologista e consultor técnico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff.
Grupo de risco
O estudo aponta que a maioria dos casos da doença será observado entre pessoas com mais de 50 anos, grupo considerado de risco. “Estima-se que mais de 88% dos casos em 2040 se concentrarão nessa faixa etária, enquanto na população até 49 anos os números permanecerão estáveis”, observa Luiz Augusto Maltoni, diretor da fundação. Segundo ele, as projeções não são apenas para estatística, mas devem servir de alerta para a necessidade de ampliar urgente a prevenção, especialmente entre a população mais vulnerável. O levantamento indica que as regiões Centro-Oeste e Norte do país são as que registrarão maior incidência de casos da doença, com percentual de 32,7% e 31,1%, respectivamente, e o Sudeste a menor (18%). Apesar disso, em números absolutos, a projeção para Sudeste será maior do que a média das regiões, passando em 2030 de 32.410 diagnósticos e incidência de 36,16% por 100 mil habitantes, para 38.200, em 2040, com taxa de 42,54% por 100 mil habitantes. Isso, segundo especialistas, tem a ver com o crescimento populacional, principalmente na faixa etária acima de 50 anos, e nas diferenças regionais.
Há meios de prevenir o avanço
O câncer de colorretal é um tipo de tumor que pode ser amplamente prevenido com mudanças no estilo de vida, práticas saudáveis na alimentação, na atividade física e na redução de fatores de risco, incluindo tabagismo e consumo de carne e outros alimentos ultraprocessados. A realização periódica de exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) são fundamentais para o diagnóstico precoce. Entretanto, o rastreamento populacional organizado ainda é um desafio, especialmente em países de baixa e média rendas.
Cristina Christiano é jornalista com extensa carreira profissional, tendo atuado em diversos veículos impressos e audiovisuais nas áreas de polícia, justiça, saúde, educação, comportamento, urbanismo, direitos humanos, economia, entre outras. Fez diversas reportagens especiais, além de séries de repercussão e recebeu já vários prêmios por seu trabalho.
