As autoridades de saúde da Bahia estão em alerta após a morte de um homem de 56 anos, ocorrida na madrugada desta sexta-feira (3/10), com suspeita de intoxicação por metanol. O paciente faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Queimadinha, em Feira de Santana, o que deu início a uma investigação conjunta entre a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) e a Secretaria Municipal de Saúde.
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Para elucidar o caso, amostras biológicas da vítima foram coletadas e enviadas para análise laboratorial. A confirmação ou descarte da intoxicação por metanol é aguardada em um prazo de até sete dias. Em resposta à gravidade da situação, uma reunião emergencial foi convocada nesta sexta-feira, contando com a presença da secretária estadual de Saúde, Roberta Santana, e do secretário municipal, Rodrigo Matos, além das equipes de vigilância epidemiológica.
Casos de intoxicação pelo Brasil
O caso na Bahia se soma a um cenário preocupante em nível nacional. O Ministério da Saúde já registrou 59 notificações de possíveis intoxicações pela mesma substância em todo o Brasil. A maioria dos casos concentra-se em São Paulo (53), com registros também em Pernambuco (5) e no Distrito Federal (1). Destes, 11 já foram confirmados laboratorialmente.
Diante do risco, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que também é médico, emitiu um alerta à população: “Evite consumir destilados, especialmente os incolores, se você não tem certeza da procedência. Não se trata de um item essencial como os da cesta básica, mas sim de um produto ligado ao lazer. Evitar seu consumo, neste momento, não causa nenhum prejuízo à vida das pessoas.”
O que é o Metanol e Por Que Ele é Perigoso?
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um tipo de álcool industrial altamente tóxico, frequentemente utilizado como solvente, anticongelante e em processos químicos. Ele é visualmente idêntico ao etanol (o álcool presente em bebidas alcoólicas), o que o torna perigoso quando adicionado fraudulentamente a bebidas destiladas clandestinas ou de baixa qualidade para baratear o custo.
A intoxicação ocorre porque o organismo humano metaboliza o metanol de forma diferente do etanol. No fígado, enzimas convertem o metanol em formaldeído e, posteriormente, em ácido fórmico. É o acúmulo de ácido fórmico no corpo que causa os danos severos, levando a uma condição chamada acidose metabólica, onde o pH do sangue se torna perigosamente ácido.
Os principais alvos do ácido fórmico são o nervo óptico, podendo causar cegueira permanente, e o sistema nervoso central. Os sintomas iniciais da intoxicação podem ser confundidos com uma embriaguez comum, incluindo:
- dor de cabeça,
- tontura,
- náuseas e vômitos.
No entanto, com a progressão, surgem sinais mais graves como visão turva, dor abdominal intensa, dificuldade respiratória e, em casos severos, convulsões, coma e morte. A letalidade é alta e as sequelas em sobreviventes são comuns.
Por: Laís Queiroz | Revisão: Daniela Gentil
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