Concentrado nos esforços para tirar do papel o pacote de medidas de socorro para mitigar os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, cancelou agendas que teria em São Paulo nesta segunda-feira (11) para um “compromisso inadiável” em Brasília.
Na capital paulista, Alckmin participaria de um congresso do agronegócio pela manhã e do lançamento de um programa de qualificação para exportações à tarde.
Após o cancelamento da agenda em São Paulo, o compromisso de Alckmin será uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcada para as 17h. A expectativa é que o plano de contingência seja anunciado até terça-feira (12), seis dias após as tarifas impostas aos produtos brasileiros terem entrado em vigor.
Devem fazer parte do plano linhas de crédito para setores impactados e a expansão de compras governamentais, permitindo que órgãos públicos absorvam mercadorias que deixarão de ser exportadas. Segundo cálculos do governo, as tarifas de 50% afetarão cerca de um terço das empresas que vendem aos EUA.
A ideia é de que o plano do governo inclua a proibição de demissões, o adiamento do pagamento de tributos federais e as compras públicas de alimentos como carne e café.
“Essa pauta ainda não chegou no Poder Legislativo. Caso seja encaminhada, daremos prioridade”, disse Hugo Motta, (Republicanos), presidente da Câmara dos Deputados.
O mesmo aceno já foi dado ao Palácio do Planalto pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União-AP). A ideia é de que as medidas sejam aprovadas já em agosto, para entrarem em vigor em setembro.
Ao todo, o tarifaço americano deve gerar um impacto de R$ 22 bilhões, ameaçando 146 mil empregos na indústria e no agronegócio brasileiros.
Para tentar compensar as perdas, o Brasil tem buscado novos parceiros, como México, Índia, China, Rússia, Vietnã, Japão e Indonésia. A China, por exemplo, já acenou com o aumento das compras de carne e café. Alckmin deve viajar ainda neste mês ao México.
A expectativa é de que o vice-presidente aproveite a viagem para tentar um encontro nos Estados Unidos, na tentativa de negociar novas exceções aos produtos brasileiros.
Na próxima quarta-feira (13), com o mesmo objetivo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem marcada uma conversa com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent.
Por Kátia Gomes | Revisão: Laís Queiroz
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