O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na liderança isolada em todos os cenários testados para a eleição presidencial de 2026, segundo a pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira (9). O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, mostra o petista à frente de todos os possíveis adversários, com vantagem ampliada em relação ao mês anterior.
A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 5 de outubro e ouviu 2.004 pessoas em todo o país, com margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%.
De acordo com os dados, Lula ampliou sua vantagem sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos) , que é hoje o principal nome da direita sem Jair Bolsonaro , de oito pontos percentuais em setembro para 12 pontos neste mês. O presidente também mantém folga expressiva sobre Ciro Gomes (PDT), Ratinho Júnior (PSD), Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União Brasil), Eduardo Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro (PL).
Estabilidade consolidada
A Quaest aponta estabilidade no cenário eleitoral pelo segundo mês consecutivo. Lula passou a liderar todos os cenários pesquisados desde agosto, consolidando-se como favorito para 2026. Em todos os testes de segundo turno, o petista vence seus principais adversários com margem segura, mesmo diante de possíveis novas alianças entre partidos de centro e direita.
Nos cenários simulados, Lula tem:
- 9 pontos à frente de Ciro Gomes (PDT);
- 10 pontos sobre Jair Bolsonaro (PL), que permanece inelegível;
- 12 pontos sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Michelle Bolsonaro (PL);
- 13 pontos sobre Ratinho Júnior (PSD);
- 15 pontos sobre Romeu Zema (Novo), Ronaldo Caiado (União) e Eduardo Bolsonaro (PL);
- e 23 pontos sobre Eduardo Leite (PSD).
A pesquisa mostra ainda que Eduardo Bolsonaro é o nome mais rejeitado entre todos os possíveis candidatos, com os maiores índices de rejeição espontânea registrados pela Quaest até agora.
Cenários de primeiro turno
A sondagem simulou oito cenários diferentes para o primeiro turno das eleições de 2026. No principal deles, o que inclui Jair Bolsonaro, Lula aparece com 35% das intenções de voto, contra 26% do ex-presidente. Em seguida, Ratinho Júnior e Ciro Gomes aparecem empatados, com 10% e 9%, respectivamente. Romeu Zema e Ronaldo Caiado têm 3% cada.
Quando o nome de Michelle Bolsonaro substitui o do marido, o desempenho de Lula sobe para 36%, enquanto a ex-primeira-dama aparece com 21%. Ciro Gomes e Ratinho Júnior empatam novamente, ambos com 10%, seguidos por Zema (4%) e Caiado (3%).
No cenário que coloca Tarcísio de Freitas como adversário direto, o presidente amplia a vantagem: 39% a 18%. Ciro aparece em terceiro, com 12%, seguido de Zema (4%) e Caiado (4%).
Já em um cenário com Eduardo Bolsonaro, Lula aparece com 35%, o deputado com 15%, e Ratinho Júnior (12%) e Ciro (11%) logo atrás.
Nos cenários com múltiplos candidatos da direita, Lula se mantém isolado na liderança:
- Contra Tarcísio e Eduardo Bolsonaro, o petista tem 42%;
- Contra Eduardo Bolsonaro e Ratinho Júnior, 41%;
- Contra Eduardo Bolsonaro e Romeu Zema, 43%;
- E contra Eduardo Bolsonaro e Ronaldo Caiado, também 43%.
Em todos os casos, o número de indecisos varia entre 4% e 5%, e os que dizem que votariam em branco ou nulo ficam entre 14% e 20%, mostrando um eleitorado relativamente estável e polarizado.
Cenários de segundo turno
Nas simulações de segundo turno, Lula também vence em todas as combinações possíveis. A maior diferença é sobre Eduardo Leite (PSD), com 23 pontos de vantagem.
Veja os principais confrontos diretos:
- Lula x Ciro Gomes: 41% a 32%
- Lula x Jair Bolsonaro: 46% a 36%
- Lula x Tarcísio de Freitas: 45% a 33%
- Lula x Michelle Bolsonaro: 46% a 34%
- Lula x Ratinho Júnior: 44% a 31%
- Lula x Romeu Zema: 47% a 32%
- Lula x Ronaldo Caiado: 46% a 31%
- Lula x Eduardo Bolsonaro: 46% a 31%
- Lula x Eduardo Leite: 45% a 22%
Em todos os cenários, as variações em relação a setembro ficaram dentro da margem de erro, reforçando o quadro de estabilidade.
Reeleição e percepção pública
A Quaest também perguntou aos entrevistados se Lula deveria disputar a reeleição em 2026. Embora a maioria ainda seja contrária, o índice de apoio ao presidente cresceu. 42% dos entrevistados afirmaram que ele deveria se candidatar novamente, contra 39% em setembro. Já os que são contrários à reeleição somam 56%, três pontos a menos que no levantamento anterior.
O número de indecisos ou que não responderam se manteve em 2%. Segundo a série histórica da pesquisa, a rejeição à reeleição de Lula caiu dez pontos desde maio, quando 66% se declaravam contrários à ideia.
Bolsonaro perde fôlego e enfrenta rejeição ampliada
Mesmo fora do páreo por estar inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue sendo o principal nome da oposição no campo conservador. A Quaest questionou os eleitores sobre se Bolsonaro deveria abrir mão de uma eventual candidatura e apoiar outro nome.
A resposta foi contundente: 76% disseram que o ex-presidente deveria desistir e apoiar outro candidato, número idêntico ao de setembro. Apenas 18% acham que ele deveria insistir na candidatura, mesmo sem poder concorrer, e 6% não souberam responder.
A avaliação interna da pesquisa indica que a insistência de Bolsonaro em manter seu nome ativo no debate eleitoral pode estar dificultando o crescimento de alternativas, como Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro.
Cenário político e projeções
Para analistas políticos ouvidos pela Quaest, os resultados reforçam o cenário de domínio de Lula na corrida presidencial, sustentado por um eleitorado fiel, sobretudo nas regiões Nordeste e Sudeste, e pela ausência de um nome competitivo da direita que una o campo conservador.
Apesar da estabilidade nas intenções de voto, a pesquisa revela movimentos sutis: Lula avança ligeiramente entre os eleitores de classe média baixa, enquanto Tarcísio e Michelle Bolsonaro enfrentam dificuldade para romper o teto de apoio de 20% fora de São Paulo e do Sul.
Entre os mais jovens (16 a 24 anos), Lula mantém vantagem de 20 pontos percentuais sobre qualquer adversário, enquanto entre os eleitores com ensino superior, a disputa se aproxima mais de um empate técnico.
O cenário ainda pode mudar à medida que o debate sobre a sucessão se intensifique em 2026, mas, por enquanto, os dados mostram um presidente forte, com base consolidada e sem adversário direto capaz de ameaçar sua hegemonia eleitoral.
Por Alemax Melo I Revisão: Laís Queiroz
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