O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), entregou nesta sexta-feira (2/5) seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante audiência realizada no Palácio do Planalto. A decisão, segundo fontes do governo, já vinha sendo amadurecida diante do desgaste acumulado e da perda de influência da pasta no centro do poder.
Com a saída do pedetista, Lula oficializou a nomeação de Wolney Queiroz Maciel, atual secretário-executivo da Previdência e ex-deputado federal por Pernambuco, para comandar o ministério. A nomeação e a exoneração de Lupi serão publicadas em edição extra do Diário Oficial da União ainda nesta sexta-feira.
A transição acontece em um dos momentos mais delicados para o ministério desde o início do governo Lula. O órgão tem sido alvo de investigações da Polícia Federal por suspeitas de fraudes e irregularidades em concessões de benefícios, e recentemente o Palácio do Planalto decidiu indicar o novo presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sem consultar Lupi — movimento que escancarou a perda de protagonismo do ministro e tensionou a relação do PDT com o governo federal.
Wolney assume com desafio de recompor confiança
Aos 52 anos, Wolney Queiroz é natural de Caruaru, no agreste pernambucano. Membro histórico do PDT, está filiado ao partido desde 1992, seguindo os passos do pai, José Queiroz de Lima — ex-prefeito da cidade e figura tradicional da política pernambucana. Wolney iniciou sua trajetória política como vereador, em 1993, e em 1995 foi eleito deputado federal pela primeira vez, cargo que ocupou por seis mandatos consecutivos.
Além de ser uma das principais lideranças do PDT no Nordeste, Wolney também é presidente estadual do partido em Pernambuco e integra o diretório nacional da legenda. Desde o início do terceiro mandato de Lula, ele ocupava o segundo cargo mais importante da Previdência, responsável pela coordenação administrativa e pelo acompanhamento de políticas prioritárias, como a revisão de benefícios e a digitalização do atendimento ao segurado.
A escolha do presidente Lula por um nome técnico e já inserido na estrutura da pasta é interpretada como uma tentativa de preservar a governabilidade e de evitar novos desgastes com a cúpula do PDT, que tem demonstrado insatisfação com os rumos da articulação política. A nomeação também visa assegurar a continuidade dos projetos iniciados, como a modernização dos sistemas do INSS e a revisão das filas de atendimento.
Crise no INSS e atritos com o Planalto
O estopim da crise na Previdência foi a recente nomeação do novo presidente do INSS, feita diretamente pelo presidente Lula, sem a anuência de Carlos Lupi ou da direção do PDT. A manobra foi vista como um gesto de desconfiança e provocou reação entre parlamentares do partido, que passaram a cobrar maior espaço na Esplanada dos Ministérios.
O afastamento progressivo de Lupi do núcleo duro do governo vinha sendo notado nos bastidores desde o fim de 2024, quando o ministério deixou de ser consultado sobre decisões estratégicas. Paralelamente, as investigações da Polícia Federal aprofundaram a instabilidade institucional, ao apontarem possíveis irregularidades em contratos e convênios sob responsabilidade da pasta.
Fontes do Planalto indicam que Lula optou por preservar a aliança com o PDT ao evitar uma ruptura brusca e manter a indicação do novo titular dentro da própria legenda. A substituição, segundo analistas políticos, reflete o estilo pragmático do presidente ao lidar com situações de crise: priorizar soluções internas e minimizar ruídos com a base aliada.
Futuro da Previdência
Wolney Queiroz herda um ministério sob pressão por eficiência, transparência e resultados. Entre os principais desafios à frente da pasta estão a redução da fila de espera do INSS, a ampliação da cobertura previdenciária a trabalhadores informais e a retomada de programas de inclusão previdenciária para populações vulneráveis.
A expectativa do governo é de que o novo ministro tenha mais margem para negociar com o Congresso Nacional, sobretudo nas pautas relacionadas à reforma administrativa e à sustentabilidade fiscal do sistema previdenciário. A proximidade de Wolney com lideranças partidárias e sua experiência legislativa podem ser trunfos importantes nesse cenário.
A nomeação de Wolney também é vista como um sinal de que Lula pretende manter a base política sob controle, evitando atritos maiores com partidos aliados às vésperas de um ano decisivo para a governabilidade e a aprovação de projetos estruturantes no Legislativo.
Por Alemax Melo

Márcia Dantas é jornalista, paraense, mãe do Gabriel, esposa do Rafael, e apaixonada pelo movimento e tudo que pulsa forte, pelo colorido. Gosta de abrir espaços para sempre caber mais um. Idealizadora do MDnews, com a missão de informar para transformar.