O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal (PF) na manhã desta sexta-feira (13), em Brasília. A ação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), previa a prisão preventiva do militar, mas a ordem foi revogada enquanto os agentes ainda estavam em sua residência, no Setor Militar Urbano (SMU).
Cid foi surpreendido pelos policiais enquanto fazia atividade física. Segundo a CNN, fontes que acompanharam a operação, ele se manteve sereno ao retornar para casa, entregando seus celulares voluntariamente. A operação, acompanhada por representantes do Exército, foi conduzida com discrição, utilizando viatura descaracterizada, conforme orientação do STF para evitar a “espetacularização” da medida.
Mesmo com a revogação do mandado de prisão, Mauro Cid foi levado para a sede da PF para prestar novo depoimento. O foco da investigação é uma suposta tentativa de fuga do país, com apoio do ex-ministro do Turismo Gilson Machado. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Machado teria tentado intermediar a emissão de um passaporte português para Cid, em ação considerada possível obstrução de Justiça.
A colaboração premiada de Mauro Cid, firmada em setembro de 2023 e homologada por Moraes, já enfrentou ameaças de anulação por supostas contradições e vazamento de áudios críticos à PF e ao próprio STF. No entanto, o acordo foi mantido após novos depoimentos em que o militar reafirmou sua disposição em colaborar com as investigações, inclusive envolvendo nomes de alto escalão, como o general Walter Braga Netto, preso em dezembro de 2024.
Gilson Machado, por sua vez, foi preso no Recife também nesta sexta-feira, como parte da mesma investigação. A PGR solicitou ao STF a abertura de inquérito contra ele por obstrução de investigação de organização criminosa e favorecimento pessoal, além de apontar possíveis tentativas futuras de obtenção de passaportes em outras embaixadas.
A PF segue investigando a rede de apoio que teria sido mobilizada para facilitar a possível fuga de Cid, em meio ao processo que apura a tentativa de golpe de Estado e outras ações ilegais cometidas durante o governo Bolsonaro.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil
VEJA TAMBÉM: PF prende ex-ministro Gilson Machado por tentativa de obter passaporte português para Mauro Cid