Mauro Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, entrou para a história política do Brasil como o homem que ajudou a derrubar o ex-presidente. Sua delação premiada, validada por unanimidade pelo Supremo Tribunal Federal, forneceu provas e depoimentos que colaboraram de forma decisiva para a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão.
Ao longo dos depoimentos, Cid revelou detalhes sobre a falsificação de certificados de vacinação, articulações de bastidores para anular o resultado das urnas e conversas que apontaram para um plano de golpe de Estado. O acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República garantiu a ele benefícios legais, como a redução da pena para dois anos em regime aberto, mas também o transformou em alvo de críticas de antigos aliados.
Quem é Mauro Cid?
Mauro César Barbosa Cid, de 46 anos, nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1979. É tenente-coronel do Exército brasileiro e serviu como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante todo o mandato presidencial. Seguiu carreira militar e se tornou uma das pessoas de maior confiança do então presidente, participando de viagens oficiais, reuniões estratégicas e do círculo mais restrito do Planalto.
Além da proximidade com Bolsonaro, Cid também se destacou por administrar questões pessoais da família presidencial, como pagamentos, agenda e logística. Foi justamente essa posição de confiança que lhe deu acesso a informações privilegiadas e o colocou no centro das investigações.
Em 2023, Cid foi preso pela Polícia Federal durante investigação sobre esquema de fraudes nos cartões de vacina de Bolsonaro e familiares. A partir daí, seu nome apareceu em diversos inquéritos relacionados ao golpe de Estado e ao uso irregular da estrutura pública. Pressionado por provas e diante da possibilidade de uma pena pesada, decidiu negociar um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República.
A delação de Cid se somou a documentos, mensagens e provas materiais que confirmaram a existência de uma organização criminosa armada, com divisão de tarefas e suporte institucional, cujo objetivo era manter Bolsonaro no poder. Para os ministros do STF, não restou dúvida de que o ex-presidente liderava a tentativa de ruptura democrática.
Com sua colaboração, Mauro Cid não apenas salvou a si mesmo de uma condenação pesada, mas também se tornou o protagonista involuntário de um dos maiores processos judiciais da história brasileira.
Por David Gonçalves | Revisão: Daniela Gentil
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