O ex-presidente do Uruguai, José Alberto “Pepe” Mujica Cordano, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos, vítima de um câncer de esôfago. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, por meio da rede social X (antigo Twitter).
Mujica era considerado um dos líderes mais carismáticos e autênticos da esquerda latino-americana. Conhecido por seu estilo de vida simples e por discursos repletos de reflexões humanistas, ele presidiu o Uruguai de 2010 a 2015, período em que promoveu avanços progressistas no país.
Diagnóstico e despedida
Pepe Mujica foi diagnosticado com câncer em abril de 2024 e iniciou tratamento com radioterapia, que foi interrompido em junho do mesmo ano. Desde então, passou a receber cuidados paliativos em sua residência, um sítio localizado na zona rural de Montevidéu, onde viveu ao lado da esposa, a ex-vice-presidente Lucía Topolansky.
Nos últimos dias, Topolansky revelou que Mujica estava em “situação terminal”. A condição de saúde do ex-presidente foi tema de uma entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, na qual ele já se despedia publicamente. “A vida é bela. Com todas as suas reviravoltas, eu amo a vida. E estou perdendo-a porque estou na hora de partir”, declarou na ocasião.
Legado político
Pepe Mujica teve papel central na consolidação da Frente Ampla, principal coalizão de esquerda do Uruguai, e integrou o Movimento de Participação Popular (MPP) de 1994 até 2025. Durante seu governo, promoveu reformas que marcaram a história recente do país, como a legalização da maconha e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Mesmo após deixar o cargo, manteve forte influência na política nacional e apoiou publicamente Yamandú Orsi, eleito presidente no fim de 2024. Mujica ainda votou nas eleições presidenciais e regionais, mas não participou ativamente da campanha por conta do agravamento de sua saúde.
Em nota, o MPP homenageou seu líder: “Caro Pepe! Você sempre nos disse que faria campanha até o seu último dia. Você cumpriu sua promessa e sabemos que continuará a cumpri-la. Este grupo o apoiará até o fim.”
Comoção e solidariedade
Nos últimos dias, milhares de uruguaios manifestaram solidariedade ao ex-presidente, que completaria 90 anos em 20 de maio. Entre as visitas recebidas por Mujica, destacou-se a de Alejandro “Pacha” Sánchez, secretário da presidência, que lembrou: “Mujica sempre havia dito que queria chegar aos 90 anos”.
Pepe Mujica deixa um legado de luta por justiça social, simplicidade e integridade. Para muitos, foi mais que um político, foi um símbolo de coerência entre discurso e prática.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Lorrayne Rosseti