Uma mulher de 32 anos que se passava por médica pediatra foi presa na manhã desta segunda-feira (19), em Manaus (AM). Sophia Livas de Morais Almeida foi detida enquanto se exercitava em uma academia de alto padrão. A prisão foi realizada por agentes do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), sob o comando do delegado Cícero Túlio.
Infiltração no meio acadêmico e hospitalar
De acordo com a Polícia Civil, Sophia conseguiu se aproximar de profissionais da saúde por meio de um curso de pós-graduação, o que facilitou sua entrada em grupos médicos especializados. A confiança conquistada permitiu que ela se integrasse a um programa de acompanhamento de crianças com cardiopatias no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV).
Dentro da instituição, ela teria furtado o carimbo de uma médica com nome semelhante ao seu. A partir disso, passou a realizar atendimentos clínicos em consultório, direcionados principalmente a crianças autistas, com problemas cardíacos e também gestantes cujos bebês apresentavam condições similares.
Congressos, podcasts e atuação em partos
Ainda segundo o delegado, Sophia convenceu profissionais da área a nomeá-la coordenadora de um congresso nacional sobre o tema, que está previsto para ocorrer em breve em Manaus. Usando esse título, ela chegou a viajar para Brasília, onde participou de reuniões com representantes dos Ministérios da Saúde e da Educação, além de encontros com deputados e senadores.
Além disso, ela produzia um podcast semanal em que entrevistava pediatras e especialistas sobre cardiologia infantil. Também chegou a acompanhar partos em hospitais da capital e atuava como professora voluntária em instituições de ensino superior da área médica no Amazonas.
Vida dupla nas redes sociais
Nas redes sociais, a mulher mantinha um perfil profissional ativo, compartilhando vídeos e imagens em supostos plantões, registros de atendimentos a crianças e encontros com autoridades. Também publicava conteúdos de aulas ministradas em universidades locais.
Falsificação de documentos acadêmicos
Durante as apurações, os investigadores reuniram provas de que Sophia teria forjado documentos acadêmicos, incluindo diploma de medicina e histórico escolar de uma universidade.
O Hospital Universitário Getúlio Vargas divulgou uma nota em que afirma que Sophia nunca atuou como médica na unidade. A instituição confirmou que ela foi apenas aluna do programa de mestrado em Ciências da Saúde na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com formação em Educação Física. O hospital também informou que ela não tem mais qualquer vínculo com a universidade e que foi aberta uma apuração interna para colaborar com as autoridades.

Origem da investigação e crimes atribuídos
A prisão de Sophia Almeida faz parte de um desdobramento da Operação Hipócrates, que já havia levado à prisão de outro falso médico no início do mês. A nova fase teve início após o surgimento de denúncias sobre os atendimentos realizados por Sophia.
Entre as vítimas estão duas crianças autistas, cujos responsáveis afirmam terem recebido prescrições de medicamentos controlados. Além disso, dois pacientes relataram ter sido demitidos após apresentarem atestados assinados por ela.
Sophia será indiciada por diversos crimes, entre eles:
- Uso de identidade falsa
- Falsidade ideológica
- Exercício ilegal da medicina
- Estelionato contra pessoas vulneráveis
- Falsificação de documentos médicos
- Curandeirismo
- Charlatanismo
Ela permanece à disposição da Justiça e deve passar por audiência de custódia.
Por Lorrayne Rosseti I Revisão: Laís Queiroz
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