Oito pessoas estão presas. O grupo, dono de várias fazendas no Pará, abastecia também facções de São Paulo e Rio de Janeiro
A Polícia Federal começou a desarticular, nesta quarta-feira (9), uma organização criminosa especializada em tráfico internacional de entorpecentes, responsável pelo abastecimento de facções de diversos estados do país, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Paraná. O grupo também mantém ramificações internacionais.
A operação, batizada de “Antigua”, mobilizou cerca de 80 policiais, com apoio do Comando de Aviação Operacional (CAOP) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da Polícia Federal. A organização trazia o entorpecente do Paraguai e da Bolívia, usando rotas estratégicas e esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro para ocultar os lucros.
O mesmo grupo já havia sido alvo de outra operação da PF, em 2012, mas conseguiu se reestruturar e aumentar seu patrimônio, que inclui inclusive oito fazendas no Pará.
Líderes na Alemanha
Dois integrantes do grupo fugiram para a Alemanha e estão sendo procurados pela Interpol. Ambos foram incluídos na difusão vermelha da Interpol (red notice), que é uma solicitação internacional para prisão.
A base da organização era no Pará e na cidade paranaense de Cascavel, onde contava com infraestrutura de armazenamento e distribuição da droga. Além disso, tinha uma rede de operadores financeiros responsáveis pela movimentação dos recursos adquiridos com as atividades e, com isso, garantia a continuidade das ações criminosas.
Cocaína em fundo falso
O grupo traficava principalmente cocaína utilizando veículos de luxo com fundos falsos para transportar a droga pela fronteira do Paraguai, fato que dificultava a detecção do carregamento.
No Brasil, a droga era fracionada em Cascavel, local considerado ponto estratégico no esquema da organização. De lá os entorpecentes seguiam para diversos estados do país, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro, abastecendo outras células do crime organizado.
No Pará, a droga entrava pelo rio Amazonas, vinda da Bolívia. Depois, como acontecia no Paraná, era fracionada em fazendas de Monte Alegre e redistribuída para outras regiões.
Audácia
As investigações começaram em julho de 2023 e, ao longo desse período, foram feitos oito flagrantes diretamente ligados à organização criminosa, sendo cinco envolvendo o transporte de cocaína e os demais relacionados ao transporte de crack e maconha.
O grupo comprou diversas propriedades no Pará que serviam tanto para lavagem de dinheiro como para a possível movimentação de entorpecentes.
A audácia era tanta que duas das propriedades foram batizadas de “Fazenda Vera Cruz” e “Fazenda Vera Cruz III”, em alusão à Operação Vera Cruz, que desmantelou o grupo em 2012. As fazendas estão estrategicamente localizadas próximas a cursos d’água, o que indica o uso de embarcações para o transporte de drogas. Além disso, a organização buscava monopolizar um braço de rio para movimentar grandes quantidades de entorpecentes sem chamar atenção.
Mandados e bloqueio de bens
A Justiça Federal de Cascavel expediu 54 medidas cautelares, que estão sendo cumpridas nas cidades paranaenses de Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu e Boa Vista da Aparecida, e em Monte Alegre, no Pará:
✅ 12 mandados de prisão preventiva
✅ 1 medida cautelar de monitoração eletrônica
✅ 20 mandados de busca e apreensão
✅ 21 mandados de sequestro e bloqueio de bens móveis, imóveis e valores dos investigados
Além disso, todas as propriedades vinculadas ao grupo criminoso, incluindo as oito fazendas localizadas em Monte Claro, estão sendo bloque

Cristina Christiano é jornalista com extensa carreira profissional, tendo atuado em diversos veículos impressos e audiovisuais nas áreas de polícia, justiça, saúde, educação, comportamento, urbanismo, direitos humanos, economia, entre outras. Fez diversas reportagens especiais, além de séries de repercussão e recebeu já vários prêmios por seu trabalho.