Zhenhao Zou, 28, foi condenado à prisão perpétua nesta quinta-feira (19) por uma série de crimes sexuais cometidos entre 2019 e 2023 em Londres e na China. O chinês, ex-aluno da University College London (UCL), terá que cumprir no mínimo 24 anos de reclusão antes de poder pleitear liberdade condicional.
A sentença foi proferida pela Corte de Inner London, que o declarou culpado por 28 crimes, entre eles 11 estupros, posse de droga para fins sexuais, voyeurismo, prisão ilegal, posse de pornografia extrema e uso de entorpecentes para incapacitar vítimas.
Zou usava redes sociais e aplicativos de namoro para atrair mulheres, em sua maioria de origem chinesa. Com a justificativa de estudar ou tomar um drink, ele as convidava ao seu apartamento. Lá, servia bebidas adulteradas com ketamina, butanediol e Xanax.
Após perderem a consciência, as vítimas eram abusadas sexualmente e filmadas. Parte dos abusos foi descoberta graças a centenas de vídeos armazenados em dispositivos eletrônicos.
A polícia metropolitana de Londres analisou mais de 1.600 horas de material, além de nove milhões de mensagens e milhares de documentos, muitos guardados em uma caixa com fotos, nomes e objetos pessoais das mulheres.
Zou foi descrito pela juíza Rosina Cottage como “altamente manipulador” e “charmoso em aparência, mas predador em essência”. Durante o julgamento, tentou pedir castração química como estratégia para tentar reduzir a pena, o que foi prontamente descartado.
A investigação começou após uma denúncia em novembro de 2023. Com o avanço das apurações, surgiram indícios de ataques também cometidos na China. Mesmo após a condenação, a polícia acredita que o número de vítimas pode chegar a 60. Pelo menos 24 mulheres já procuraram as autoridades desde que o caso veio a público.
O detetive-chefe Richard MacKenzie classificou Zou como um dos criminosos sexuais mais perigosos já enfrentados pela Scotland Yard. O comandante Kevin Southworth reforçou que os esforços continuam para localizar e apoiar outras vítimas.
“Elas serão tratadas com empatia, respeito e total confidencialidade”, afirmou MacKenzie.
A condenação de Zhenhao Zou escancara a facilidade com que predadores digitais podem construir uma imagem pública impecável enquanto cometem crimes brutais longe dos olhos da sociedade.
Mesmo cercado por instituições de ensino de elite, o ex-estudante se aproveitou do anonimato e da confiança para transformar a intimidade em armadilha.
O caso acende alertas não apenas sobre segurança em plataformas de relacionamento, mas também sobre a vulnerabilidade de estudantes internacionais em grandes centros urbanos.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Indra Miranda
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