O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tentou pressionar seus colegas de Corte a assinar uma carta coletiva em sua defesa, na última quarta-feira (30), após saber que havia sido incluído na lista de sanções da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos. A iniciativa, no entanto, não teve sucesso.
A informação foi divulgada pelo portal Poder360 nesta quinta-feira (31). De acordo com o veículo, mais da metade dos 11 ministros avaliou como impróprio que o STF produzisse um documento conjunto para criticar uma decisão interna do governo americano. A recusa teria sido uma decepção para Moraes, que esperava respaldo integral dos colegas contra as restrições aplicadas pelos EUA.
Planalto organiza jantar, mas tentativa de união também fracassa
Como alternativa, o Palácio do Planalto organizou um jantar, na quinta-feira (31/7), no Palácio da Alvorada. O encontro foi pensado para reunir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e todos os ministros do STF, repetindo o gesto de união realizado após os atos de 8 de janeiro de 2023.
Lula pretendia, inclusive, registrar uma foto simbólica com todos os magistrados, como demonstração de unidade institucional. No entanto, a tentativa também fracassou: além de Moraes, compareceram apenas cinco ministros: Cristiano Zanin, Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. Estiveram ausentes: André Mendonça, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Nunes Marques.
Moraes reage às sanções e critica pressão política
Durante a abertura do segundo semestre do ano do Judiciário, Alexandre de Moraes afirmou que vai “ignorar as sanções aplicadas” pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e que vai continuar trabalhando, em referência à tramitação das ações penais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado, em 2022, que na análise de Moraes, trata-se de uma “verdadeira organização criminosa jamais anteriormente vista em nosso país” e que existe uma “negociação espúria” para tentar intimidar o Supremo Tribunal Federal.
O ministro criticou o fato de bolsonaristas chamarem para si a autoria da crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, com penalidades econômicas ao país e sanções à autoridades públicas visando mudar os rumos da tramitação de um processo judicial.
Entenda o caso:
Além de anunciar a aplicação de tarifas de 50% a produtos brasileiros, o governo de Donald Trump sancionou o ministro Alexandre de Moraes com a Lei Magnistky, que prevê o bloqueio de todos os bens e interesses em bens dentro da jurisdição dos Estados Unidos..
O ministro reafirmou que não há espaço para “pressões, coações no sentido de querer obter o arquivamento imediato dessas ações penais sob pena de se prejudicar a economia brasileira, o sustento das pessoas, o trabalho dos brasileiros e das brasileiras”.
Por: Kátia Gomes | Revisão: Redação
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