Estudar fora do país não é mais um plano restrito à juventude. Com a crescente busca por um envelhecimento ativo e saudável, brasileiros com mais de 50 anos estão, cada vez mais, aderindo aos programas de intercâmbio. Segundo a Pesquisa Selo Belta 2024, essa faixa etária já ocupa o 7º lugar entre os grupos que mais realizam intercâmbios internacionais.
Ainda que represente aproximadamente 7,5% do total de intercambistas, o público 50+ mostra crescimento constante e expressivo nos últimos anos. O fenômeno reflete uma mudança de perspectiva sobre a terceira idade, marcada por novos hábitos, interesses e a vontade de explorar o mundo, não apenas como turistas, mas como estudantes, cidadãos ativos e curiosos.
Segundo Alexandre Argenta, presidente da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) que há mais de 30 anos promove a educação internacional, o aumento da longevidade e da estabilidade financeira cria um ambiente favorável para que pessoas mais maduras invistam em experiências transformadoras.
“Mais do que lazer ou turismo, essas viagens são uma oportunidade de se manter ativo, atualizar habilidades e vivenciar experiências que beneficiam tanto o corpo quanto a mente”, destaca.
Corpo ativo, mente saudável
Estudos internacionais reforçam a ideia de que o intercâmbio é uma alternativa eficaz para o envelhecimento com qualidade. Uma pesquisa da Edith Cowan University, da Austrália, concluiu que viagens que envolvem movimento, aprendizado e socialização ajudam a retardar o envelhecimento físico e mental, além de reduzir o estresse e promover o bem-estar.
A imersão em novos idiomas, por exemplo, estimula áreas cerebrais relacionadas à memória e à cognição. Além disso, participar de atividades culturais, como oficinas gastronômicas ou passeios por centros históricos, favorece a autonomia e proporciona prazer, elementos fundamentais para a saúde emocional em qualquer idade.
O intercâmbio também contribui para ampliar o círculo social. O convívio com pessoas de diferentes nacionalidades e idades fortalece o senso de pertencimento, combate a solidão e oferece uma nova rede de apoio e amizade.
“O intercâmbio proporciona uma combinação poderosa entre aprendizado, lazer e socialização. Isso tudo é extremamente benéfico para quem está nessa fase da vida”, reforça Argenta.
Aprendizado e reinvenção
De acordo com os dados da Belta, os principais motivos que levam brasileiros a buscar um intercâmbio são: conhecer novas culturas, aprender idiomas e vivenciar a junção de estudo, trabalho e turismo. Para o público acima dos 50, essas motivações se mantêm, mas ganham novas camadas: são também um meio de se redescobrir, de cultivar a autonomia e de enxergar o mundo com um olhar mais plural.
Com o envelhecimento populacional, o intercâmbio para pessoas com 60 anos ou mais começa a ser reconhecido como uma estratégia de promoção à longevidade ativa. E esse público já não quer mais esperar: eles querem viver novas experiências agora.
“Hoje, quem está nessa faixa etária mostra que a maturidade pode ser sinônimo de reinvenção, vitalidade e autonomia”, afirma o presidente da Belta.
Por João Vitor Mendes | Revisão: Laís Queiroz
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