Às vésperas do COP30 — 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima — , que acontecerá no Pará, a região de Juruti Velho, no oeste do estado, enfrenta uma preocupante escalada no desmatamento. O cenário, que já causava apreensão entre os moradores, ganhou ainda mais visibilidade após denúncias da comunidade e a atuação do vereador Ederlan Tavares (Veja vídeos abaixo).
O parlamentar protocolou um requerimento junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), cobrando explicações sobre a retirada intensiva de madeira na área. A falta de transparência sobre a origem e os responsáveis pelas atividades agravou a insatisfação dos moradores, que se dizem lesados e desinformados diante da destruição ambiental crescente.
Após uma série de denúncias de comunitários e do presidente da Comissão de Meio Ambiente na Câmara de Vereadores, uma operação de fiscalização foi deflagrada na última sexta-feira (23). A ação, que contou com a participação da SEMAS, da Polícia Ambiental, da Polícia Militar e da Base Candiru, teve como alvo o projeto de manejo florestal da Associação Comunitária Acorjuve, localizado na zona rural de Juruti.

Apesar de o projeto possuir licenciamento ambiental concedido pela própria SEMAS, a autorização é alvo de severas críticas da comunidade local. Moradores relatam não terem sido informados previamente sobre o projeto e afirmam não ter recebido qualquer benefício financeiro, mesmo com a exploração de recursos naturais em seus próprios territórios.
“Não fomos avisados de nada e não vimos um tostão”, desabafa um morador que preferiu não se identificar.
A principal queixa da comunidade é a falta de transparência por parte da Acorjuve em relação aos valores repassados pela empresa responsável pelo manejo e à destinação desses recursos.
Os comunitários exigem clareza e prestação de contas por parte da diretoria da associação e garantias de que os benefícios da atividade sejam realmente compartilhados de forma justa com os moradores da região, que sofrem os impactos da exploração.
O vereador Ederlan Tavares reitera a urgência de assegurar que todas as atividades na região estejam devidamente licenciadas e, crucialmente, fiscalizadas. O requerimento protocolado pelo parlamentar visa não apenas promover maior transparência nas operações madeireiras, mas também cobrar ações efetivas do Estado para preservar os recursos naturais da região.
“Precisamos saber quem está autorizando esse desmatamento, se há licenciamento ambiental regular e quais os impactos para a comunidade e o meio ambiente”, afirmou Tavares.
A expectativa é que a resposta da SEMAS leve à implementação de medidas que coíbam práticas irregulares e garantam um desenvolvimento realmente sustentável em Juruti.
Com o olhar do mundo voltado para a preservação da Amazônia durante a COP30, que acontecerá em Belém, Juruti se torna um exemplo crítico das lutas e desafios enfrentados na proteção ambiental.
O caso segue sob apuração pelos órgãos ambientais competentes, enquanto a comunidade aguarda respostas concretas e ações decisivas que possam garantir não apenas a conservação da floresta, mas também o bem-estar e os direitos das pessoas que nela vivem e dependem dela.
A equipe de reportagem do MD News entrou em contato com a Associação Comunitária Acorjuve, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Por Derick Souza | Revisão: Indra Miranda
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