Deputado do União Brasil assume a pasta em meio a articulações políticas e tentativa do Planalto de manter apoio da legenda na Câmara
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta quarta-feira (9) o nome do deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) como novo ministro das Comunicações. O parlamentar assume o posto após o pedido de demissão de Juscelino Filho, que deixou o cargo após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por desvio de emendas parlamentares.
A nomeação de Pedro Lucas ainda não foi publicada no Diário Oficial da União, mas foi antecipada por Lula durante viagem a Honduras, quando o presidente afirmou que discutiria o nome com dirigentes do União Brasil e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), um dos principais articuladores da legenda.
“Da mesma forma que o União Brasil tem o direito de me indicar um sucessor para Juscelino, que é do União Brasil. Eu já tenho o nome, eu conheço o Pedro Lucas, eu vou voltar para o Brasil e amanhã de manhã vou conversar com o União Brasil e, se for o caso, já discuto a nomeação dele”, disse o presidente.
Articulação política e bastidores
A escolha de Pedro Lucas foi antecipada pelo blog do jornalista Valdo Cruz e consolidada após conversas com o núcleo político do Planalto. Auxiliares próximos a Lula afirmam que o presidente teve maior contato com o deputado durante viagem oficial à Ásia, no mês passado, e que a aproximação facilitou a decisão.
Enquanto a nomeação não é oficializada, a secretária-executiva da pasta, Sônia Faustino, segue como ministra interina.
A articulação para colocar Pedro Lucas no cargo teve início antes mesmo da saída de Juscelino, que nega qualquer irregularidade, mas foi aconselhado por Lula a se afastar para concentrar esforços em sua defesa.
Perfil de Pedro Lucas e impacto político
Pedro Lucas, de 35 anos, é visto como uma figura da ala mais governista dentro do União Brasil. Foi aliado do ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, e participou ativamente da campanha presidencial de Lula em 2022. Seu pai, Pedro Fernandes, é prefeito de Arame (MA) e tem histórico político ligado à esquerda maranhense, com raízes no grupo do ex-governador Jackson Lago.
Apesar da aproximação com o governo, o novo ministro também mantém boas relações com nomes mais distantes do Palácio do Planalto, como Antônio Rueda e ACM Neto, o que lhe confere perfil conciliador típico do centrão. No Maranhão, transita com facilidade entre diferentes grupos, inclusive na família Sarney.
Sua nomeação representa uma tentativa do governo Lula de manter parte do apoio do União Brasil, que conta com uma das maiores bancadas da Câmara dos Deputados. A decisão, no entanto, contraria os interesses da ala mais conservadora do partido, que defende o afastamento do governo federal e a construção da pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência em 2026.
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Por Alemax Melo | Revisão: Camilly Barros