A Prefeitura de Belém confirmou, na tarde desta sexta-feira (25), a morte do cantor paraense Gutto Xibatada, de 39 anos, em decorrência de complicações causadas pela Mpox (monkeypox). O artista, conhecido por mesclar o forró com letras que exaltavam a cultura local, estava internado no Hospital Pronto-Socorro Municipal Mário Pinotti desde o dia 22 de abril, quando foi encaminhado ao Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e faleceu por volta das 17h do mesmo dia.
Segundo familiares, Gutto apresentava sintomas da doença havia cerca de um mês. Durante esse período, ele viajou para o Rio de Janeiro e para a Bahia. Após retornar a Belém, procurou atendimento médico, recebeu medicação e foi orientado a manter isolamento domiciliar. A irmã do cantor relatou nas redes sociais que ele escondia a gravidade da doença e que as lesões se espalharam, comprometendo sua saúde, especialmente por ele ser asmático. Nos últimos dias, Gutto perdeu a fala, a visão e o tato, além de apresentar obstruções no nariz e na boca, dificultando a alimentação.
A família questiona a qualidade da assistência médica prestada. De acordo com eles, o artista não teria recebido aparelhos de monitoramento, sob a justificativa de que as bolhas impediriam a fixação dos sensores. A irmã também afirmou que não havia profissionais para acompanhar adequadamente o paciente. Gutto completaria 40 anos no próximo domingo (27).
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) informou que o paciente recebeu o primeiro atendimento e foi orientado a seguir com o tratamento em uma unidade de referência após a alta. No dia 22 de abril, Gutto foi readmitido no hospital com agravamento do estado de saúde, relacionado à evolução de comorbidades pré-existentes e infecções oportunistas. A médica infectologista responsável determinou o imediato encaminhamento do paciente para um leito de isolamento, onde foram adotadas todas as medidas clínicas; porém, ele evoluiu a óbito. As causas da morte seguem sob investigação da Vigilância Epidemiológica de Belém.
A Sesma também comunicou que todas as pessoas que tiveram contato com o cantor foram monitoradas e liberadas após não apresentarem sintomas.
Cenário da Mpox no Pará e no Brasil
Até 13 de março de 2025, o Pará registrou 123 casos confirmados de Mpox, sendo 85 em Belém. Em 2024, foram registrados 58 casos e, em 2025, até o final de fevereiro, 12 casos, sem registros de mortes nesses dois anos.
No Brasil, entre as Semanas Epidemiológicas 1 de 2024 e 5 de 2025, foram notificados 2.170 casos confirmados ou prováveis de Mpox. A região Sudeste concentrou 72% dos casos, com São Paulo registrando 1.114 casos e o Rio de Janeiro, 352. Não foram registrados óbitos por Mpox no país em 2024 e 2025.
A Mpox é considerada endêmica na África Central e Ocidental desde a década de 1970. Em dezembro de 2022, a República Democrática do Congo declarou um surto nacional da doença, a partir da circulação da cepa 1 do vírus.
Por: Alemax Melo l Revisão: Sara Santos
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