O Dia Internacional dos Trabalhadores, celebrado em 1º de maio, será marcado por atos em diversas cidades brasileiras em defesa de melhores condições de trabalho e renda. Uma das principais pautas das manifestações deste ano é o fim da escala 6×1 — regime que prevê seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso.
A mobilização é impulsionada pelo movimento Vida Além do Trabalho (VAT), surgido nas redes sociais em 2023, que cresceu e se organizou nacionalmente. A campanha contra a escala 6×1 está entre as principais reivindicações do movimento, ao lado de demandas por aumento salarial, valorização do tempo livre e combate à precarização das relações de trabalho.
O que é a escala 6×1 e por que ela é contestada
Embora não seja mencionada diretamente na Constituição, a escala 6×1 é prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e exige que o trabalhador atue por seis dias seguidos, com um único dia de folga semanal, respeitando o limite de 44 horas semanais. A prática é comum em setores como comércio e serviços, mas tem sido amplamente criticada por seus impactos negativos na saúde física e mental dos trabalhadores.
A crítica ganhou força com o movimento VAT, liderado por Rick Azevedo, ex-caixa de farmácia que viralizou nas redes ao relatar a exaustão provocada pela rotina de trabalho. O vídeo de Rick rapidamente se espalhou, mobilizando milhões e dando origem a uma petição que já reúne quase 3 milhões de assinaturas. Em 2024, Rick foi eleito vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro.
“Somos humanos, não máquinas. Queremos ter tempo para viver, estudar, cuidar dos nossos filhos, fazer cultura e descansar”, afirmou o vereador.
Redução da jornada e novas propostas legislativas
Além da crítica ao regime 6×1, os protestos deste 1º de maio também pressionam pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2025, de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP). A proposta busca reduzir a jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, instituindo uma carga de quatro dias por semana e alterando o artigo 7º da Constituição.
Erika Hilton afirmou que o atual modelo “suga a saúde e a vida dos trabalhadores” e que a PEC tem como objetivo garantir mais dignidade, descanso e qualidade de vida. A redução também poderia estimular a geração de empregos, com mais turnos para cobrir as horas reduzidas.
Atos se espalham por todo o Brasil
A mobilização do Dia do Trabalhador contará com a participação de centrais sindicais como a CUT, Força Sindical, CTB e UGT, além de partidos e movimentos sociais. Atos estão confirmados em diversas capitais e cidades do interior.
Em São Paulo, as manifestações ocorrerão na Praça Campo de Bagatelle (11h), Avenida Paulista (concentração às 10h) e Praça Oswaldo Aranha (a partir das 9h). No Rio de Janeiro, o ato principal será às 14h, na Cinelândia. Belo Horizonte terá mobilização às 9h, na Praça Sete de Setembro.
Outras cidades com atos confirmados:
Salvador (BA): 10h, região do Uruguai
Fortaleza (CE): 15h, Praça Portugal
Belém (PA): 8h30, Praça do Operário
Recife (PE): 10h, Praça do Derby
Curitiba (PR): 14h, Praça Eufrásio Correia
Vitória (ES): 8h, Praça Costa Pereira
Porto Alegre (RS): 15h, Praça da Matriz, Cruz Alta
Maringá (PR): 15h, Shopping Avenida Center
Blumenau (SC): 16h, Igreja Matriz (Rua XV)
1º de maio: símbolo de resistência
O Dia Internacional dos Trabalhadores remonta à greve geral de 1886, em Chicago (EUA), quando milhares de trabalhadores exigiram a jornada de oito horas diárias. A repressão violenta deixou mortos e feridos, mas o movimento tornou-se um marco global da luta trabalhista.
No Brasil, o 1º de maio é feriado nacional desde 1925 e historicamente serve de palco para protestos e debates sobre os rumos do mundo do trabalho. Em 2025, o foco está nas novas exigências da classe trabalhadora por mais tempo livre, valorização salarial, empregos e dignidade.
Por Alemax Melo I Revisão: Laís Queiroz
Leia também: iFood anuncia reajuste na taxa mínima para entregadores a partir de junho de 2025