A importância de estabelecer uma comunicação jornalística engajada nas causas ambientais foi tratado em tom de urgência no segundo dia do “Trilhas da Cobertura Climática”, formação para comunicação ambiental assertiva e responsável. O evento prepara profissionais para a cobertura da COP 30, a conferência das Nações Unidas que acontece em Novembro em Belém.
Um dos pontos altos das discussões foi quando a ativista Karla Giovanna Braga, cofundadora do COJOVEM, Coordenação das juventudes Amazônicas, anunciou que está em negociação para vinda do super astro americano Leonardo DiCaprio e a ativista paquistanesa, prêmio Nobe da Paz, Malala, num evento que deve ser aberto ao público: “Será uma “free zone”, em praça pública, onde a sociedade civil poderá participar das discussões e entender melhor quais são os pontos que serão abordados na COP 30”.
A apresentadora e jornalista Trisha Guimarães brincou que seria, no mínimo inusitado, se o astro de Hollywood navegar em um popopô (como é chamada a embarcação Amazônica), ao som da trilha sonora de Titanic na versão Tecnobrega.
Karla reforçou ainda que a presença de DiCaprio está diretamente ligada ao esforço de amplificar vozes da juventude e de comunidades tradicionais nas decisões globais sobre o clima.
Durante a COP30, o ator participará de agendas que visam engajar jovens lideranças, dar visibilidade a causas socioambientais e promover justiça climática a partir do território amazônico.
“Trilhas Climáticas”: discussões e direcionamentos
No evento desta sexta-feira (09), em Belém, a programação trouxe quatro tipos diferentes de comunicação, são elas: oficial, corporativa, popular e de criadores de conteúdo. Discussões sobre a integração da cultura ao clima também foram colocadas sobre a mesa, além da importância de associar manifestações culturais à educação ambiental.
A gerente de comunicação do Escritório de Coordenação do Sistema ONU no Brasil, Isadora Ferreira, destacou durante o painel “Roda de conversa sobre comunicação oficial, corporativa, popular e criadores de conteúdo durante a COP”, a importância da COP30 ocorrer justamente na Amazônia, do ponto de vista simbólico e estratégico. A mediação dessa roda de conversa ficou por conta dos comunicadores Nara Bandeira – Coordenadora do Hub de comunicação da Jornada COP+ ﹘ e José Kaeté, que é criador de conteúdo digital com foco na Amazônia e povos indígenas.
A mídia indigena também foi representada, através do ativista e jornalista Erisvan Guajajara: “É importante entender quem realmente precisa da terra e quem realmente cuida dela. Precisamos criar pautas que favoreçam a COP30 e deem protagonismo às vozes locais”, defendeu.
A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) também marcou presença através do diretor executivo Hamilton Santos e destacou a importância das empresas entrarem em debates difíceis sobre o impacto ambiental: “Quais estratégias estão sendo adotadas para reduzir esses danos? A sustentabilidade precisa ser tratada como um pilar fundamental da comunicação empresarial”, afirmou.
A Secretária de Cultura do Pará (SECULT), Úrsula Vidal defendeu a formação de uma cidadania cultural e climática. “Temos buscado inserir essa perspectiva em nossas políticas de fomento, reconhecendo o papel da cultura na criação de identidade e na resposta aos desafios da crise climática”, disse.
A conferência será uma oportunidade histórica para que a Amazônia esteja no centro das decisões globais sobre o clima, e para isso, é fundamental preparar comunicadores capazes de traduzir os desafios ambientais de forma acessível, sensível e conectada à realidade dos territórios.
Por Márcia Dantas e Daniela Gentil