O governo federal anunciou, nesta sexta-feira (16), a detecção do primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja de aves comerciais no Brasil. A confirmação foi feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que classificou o caso como um marco na história da avicultura nacional, até então livre da presença do vírus em sistemas comerciais.
A infecção foi identificada no município de Montenegro, no interior do Rio Grande do Sul, um importante polo da produção avícola no país. Embora o Brasil já tenha registrado casos em aves silvestres desde 2023, esta é a primeira vez que o vírus atinge diretamente o setor produtivo de forma oficial.
A influenza aviária de alta patogenicidade é uma doença viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e silvestres, podendo causar grande mortalidade entre os animais e sérios prejuízos econômicos. Desde 2006, o vírus circula com intensidade em países da Ásia, África e norte da Europa, provocando surtos que levaram ao abate de milhões de aves e ao fechamento de mercados internacionais.
Risco para humanos é considerado baixo
O Mapa ressaltou que o risco de transmissão da gripe aviária para humanos permanece baixo. “Em sua maioria, os casos humanos registrados no mundo ocorreram entre trabalhadores com contato direto e intenso com aves infectadas, vivas ou mortas”, informou o ministério em nota.
Além disso, a pasta reforçou que não há evidências de que o consumo de carne de frango ou de ovos represente qualquer risco de contaminação para a população. “A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados. O sistema de fiscalização e controle sanitário brasileiro é robusto e segue padrões internacionais”, afirmou o Mapa.
Após a confirmação do foco em Montenegro, o governo federal colocou em prática o Plano Nacional de Contingência para Influenza Aviária, que prevê medidas emergenciais como isolamento da granja afetada, abate sanitário de aves, desinfecção das instalações e vigilância ampliada em um raio de segurança.
A meta, segundo o ministério, é debelar o foco de forma rápida e eficaz, evitando a disseminação do vírus para outras propriedades. “Nosso objetivo é preservar a capacidade produtiva do setor, assegurar o abastecimento interno e proteger a saúde pública”, declarou a pasta.
O caso já foi comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), aos ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, além de parceiros comerciais do Brasil, como forma de garantir a transparência e manter a confiança nos produtos avícolas brasileiros.
Brasil tem vigilância ativa há quase duas décadas
Embora o vírus tenha atingido agora a avicultura comercial, o Brasil já vinha se preparando para este cenário há cerca de 20 anos. Desde 2006, o Mapa realiza ações preventivas em parceria com estados, produtores e órgãos de saúde animal.
Entre as iniciativas destacadas pelo governo estão o monitoramento constante de aves migratórias e silvestres, vigilância epidemiológica em granjas comerciais e de subsistência, capacitação contínua de profissionais da área veterinária e campanhas de educação sanitária junto a produtores rurais.
Além disso, o país fortaleceu a estrutura de controle nos portos, aeroportos e fronteiras, com a instalação de barreiras sanitárias, fiscalização rigorosa e protocolos de resposta rápida. Segundo o Mapa, essa estrutura foi decisiva para manter a gripe aviária afastada das granjas comerciais por quase duas décadas.
Exportações e impacto econômico
O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e um dos principais produtores globais de proteína animal. Em 2024, o setor avícola brasileiro exportou mais de 5 milhões de toneladas de carne de frango, gerando receitas superiores a 10 bilhões de dólares.
A confirmação do foco da gripe aviária em aves comerciais acende um alerta no mercado, pois pode gerar restrições comerciais por parte de alguns países importadores. No entanto, o governo aposta na rápida resposta sanitária, na transparência das informações e na credibilidade do sistema de controle para evitar perdas significativas nas exportações.
Tranquilidade e cooperação
O Mapa finalizou o comunicado reforçando que o Brasil continua sendo um país com rigorosos protocolos de segurança sanitária. O ministério também destacou a importância da colaboração de produtores, consumidores e demais atores da cadeia avícola para enfrentar o desafio com responsabilidade.
“A cooperação entre os setores público e privado será essencial para superar este momento com agilidade e manter a excelência da avicultura brasileira diante do mundo”, concluiu.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil