Quem anda pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) provavelmente já viu ele: peludo, tranquilo, sempre disposto a um cochilo ao sol ou em uma visita ao restaurante universitário. Com mais de 70 mil seguidores nas redes sociais, Silveira, um cão comunitário com idade estimada em 10 anos, se tornou o morador mais querido e famoso do campus.
Mas o que poucos sabem é que o cachorro mais popular da UFSM chegou ali discretamente, há mais de uma década, sem coleira, dono ou nome oficial. Aos poucos, conquistou espaço, fãs e até uma equipe dedicada aos seus cuidados. Hoje, Silveira é símbolo de afeto, resistência e da luta contra o abandono de animais.
Com uma caminha em frente à União Universitária e um sofá só dele na Biblioteca Central, Silveira já se considera parte do patrimônio da instituição. Embora ninguém saiba ao certo de onde veio o nome “Silveira”, ele também atende por outros apelidos, como “Podrão”, por causa de seu hábito peculiar de dormir de barriga para cima no meio das aulas.
Silveira também participa da rotina acadêmica: já apareceu em vídeo interagindo com estudantes durante uma aula de capoeira e costuma circular por vários blocos, escoltando alunos e escolhendo com cuidado quem merece sua companhia.
Símbolo de cuidado e resistência
Apesar do carisma, Silveira é um cão idoso e apresenta sinais de saúde típicos da idade. Ele sofre de artrose, já machucou as patas e tem medo de carros, agulhas e jalecos brancos, o que complica o atendimento veterinário. Por isso, os profissionais que cuidam dele no campus costumam ir até ele, sem uniforme, para aplicar vacinas e realizar tratamentos de forma discreta e sem estresse.
Silveira também é personagem central de uma campanha da universidade que orienta os alunos a não oferecerem alimentos inadequados, como restos de comida humana.
A expectativa dos cuidadores é que ele possa, em breve, “se aposentar” oficialmente com direito a cuidados especiais e um lar definitivo.
Projeto Zelo: acolhimento e responsabilidade
Desde 2014, o Projeto Zelo atua na UFSM com o objetivo de cuidar de animais abandonados no campus. O grupo promove castração, campanhas educativas, feiras de adoção e arrecadação de recursos por meio de parcerias e de um brechó sustentável. Atualmente, cerca de 80 animais são acompanhados pela equipe de bolsistas e voluntários.
“A gente vive de doações”, comenta Fabiana, coordenadora do projeto para nossa equipe. “Não temos fundo específico. Contamos com uma verba de recurso público voltada apenas aos bolsistas.”
Apesar da fama, Silveira ainda não foi adotado. Segundo a equipe, a idade avançada é um fator que dificulta a adoção, mas há esperança de que alguém veja no cão mais velho a chance de retribuir o amor que ele espalha diariamente no campus.
Interessados em adotar Silveira ou qualquer outro animal do Projeto Zelo devem entrar em contato pelo perfil oficial no Instagram, onde são realizadas as entrevistas e orientações sobre guarda responsável.
Pró-reitor de Assuntos Caninos
A fama de Silveira chegou tão longe que, em uma ação bem-humorada publicada nas redes sociais da UFSM, o cão foi “nomeado” pró-reitor de Assuntos Caninos da universidade. A nomeação simbólica, com assinatura do reitor Luciano Schuch, viralizou entre alunos, ex-alunos e seguidores de todo o país.
A brincadeira não tem efeitos práticos, mas reforça o carinho da comunidade acadêmica por aquele que, para muitos, é o verdadeiro dono do campus.
Silveira representa mais que um cão comunitário: é reflexo de um projeto que promove responsabilidade, acolhimento e consciência coletiva. Enquanto descansa na Biblioteca ou corre entre os blocos, ele segue espalhando afeto e inspirando boas ações na vida universitária e além.
Saiba mais:
🔗 Instagram do Projeto Zelo UFSM: @zeloufsm
📩 Para adotar ou doar, envie mensagem direta para o perfil oficial de Silveira: @silveirapodrao
Por João Vitor Mendes | Revisão: Daniela Gentil