Nesta terça-feira (03), é celebrado o Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil, uma data que busca alertar a sociedade para um dos desafios de saúde pública que mais crescem no mundo: o excesso de peso entre crianças e adolescentes.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 35 milhões de crianças menores de 5 anos estavam acima do peso em 2024. Já entre jovens de 5 a 19 anos, o número ultrapassou 390 milhões em 2022, sendo 160 milhões diagnosticados com obesidade. Esses números acendem um sinal de alerta para a necessidade urgente de ações preventivas, educativas e acolhedoras.
A obesidade infantil é uma condição crônica e complexa, cujos impactos vão muito além da aparência física. Ela está relacionada ao surgimento precoce de doenças como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas respiratórios e cardiovasculares, além de afetar profundamente o bem-estar emocional e social da criança.
A médica pediatra Dra. Bruna de Paula, em entrevista ao MD News, destacou que os efeitos da obesidade se manifestam cedo e nem sempre são perceptíveis de imediato:
“Fisicamente, a obesidade compromete o crescimento saudável e aumenta o risco de doenças. No emocional, pode causar baixa autoestima e ansiedade, especialmente quando a criança sofre exclusão ou bullying”, alertou a especialista.
A médica também chamou atenção para a importância da observação dos pais:
“Muitas vezes os hábitos alimentares não saudáveis aparecem antes do sobrepeso. Comer por tédio, recusar alimentos naturais e ter preferência constante por ultraprocessados são sinais de alerta.”
A prevenção começa em casa
A boa notícia é que a obesidade infantil pode ser prevenida, e isso começa com pequenas atitudes no dia a dia. Algumas estratégias incluem:
- Incentivo à atividade física: por meio de brincadeiras e esportes, o movimento melhora o condicionamento físico e a saúde mental.
- Acompanhamento médico e nutricional: identificar precocemente alterações no peso ajuda a evitar complicações futuras.
- Atenção à saúde emocional: é comum que crianças com obesidade enfrentem ansiedade ou tristeza, e esses sentimentos também devem ser acolhidos.
Escola como aliada
A escola tem papel fundamental na prevenção, como reforça a Dra. Bruna:
“O ambiente escolar pode oferecer refeições mais saudáveis, promover educação nutricional e estimular a prática de atividades físicas. Projetos como hortas, culinária e momentos de brincar ao ar livre fazem diferença.”
Além disso, a médica destaca a importância da parceria entre escola e família:
“Quando os hábitos saudáveis são reforçados tanto em casa quanto na escola, a criança entende que aquilo faz parte da sua rotina. Isso fortalece a autonomia alimentar e o autocuidado.”
A rotina acelerada das famílias também é um desafio
Entre os maiores obstáculos enfrentados pelas famílias hoje está o tempo. A rotina corrida, com jornadas de trabalho longas e pouco tempo para preparar refeições caseiras, influencia diretamente os hábitos alimentares.
“É comum que os pais recorram a alimentos prontos pela praticidade. Isso não é uma falha, é uma realidade. Mas pequenas trocas, como incluir frutas, incentivar refeições em família e reduzir o uso de telas à mesa já ajudam muito”, explicou a pediatra.
Com dados que continuam em alta, a obesidade infantil reforça a urgência de estratégias preventivas sustentadas por políticas públicas, educação alimentar e apoio multidisciplinar.
Por: Diellen Lisboa | Revisão: Lais Queiroz
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