A guerra no Oriente Médio entrou em uma nova fase com a ofensiva militar dos Estados Unidos contra o Irã. Já no exercício da presidência, Donald Trump ordenou ataques coordenados a complexos nucleares iranianos, marcando o envolvimento direto de Washington em um conflito que, até então, se limitava a Israel, Irã e grupos ligados à Palestina.
Em pronunciamento neste sábado (22), Trump foi enfático: “Ou haverá paz, ou haverá uma tragédia para o Irã muito maior do que testemunhamos nos últimos oito dias”. Os alvos atingidos, Fordow, Natanz e Isfahan, foram, segundo ele, “completamente e totalmente obliterados”. E o aviso é claro: qualquer nova provocação será enfrentada com força muito maior.
Neste domingo (22), a resposta iraniana ganhou novo contorno. O Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, rota estratégica por onde passa quase 20% do petróleo global, como reação direta aos ataques americanos.
A medida ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, para ser efetivada.
A ação americana reposiciona o tabuleiro geopolítico e levanta uma pergunta central.
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O Irã vai recuar para evitar uma guerra ainda maior?
Esse é o primeiro e mais estratégico desfecho possível. Se Teerã desistir do bloqueio e suspender o enriquecimento de urânio, o resultado seria apresentado como uma vitória contundente para Trump e para o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Ambos ganham força política ao mostrar que souberam reagir à ameaça nuclear com precisão militar e pressão diplomática.
O recuo iraniano abriria espaço para um cessar-fogo ou pelo menos uma pausa na escalada, e daria a Trump um trunfo internacional logo no início de seu novo mandato.
Ou o Irã vai retaliar e ampliar o conflito?
Esse é o segundo caminho, e o mais arriscado. Com a possibilidade real de bloqueio do Estreito de Ormuz, o Irã eleva a tensão para um novo patamar.
Caso a crise se agrave, o país pode responder com ataques a bases americanas no Oriente Médio e aumentar a pressão militar na região.
Um bloqueio efetivo da rota petrolífera provocaria um choque imediato no mercado global, forçando Washington a reconsiderar suas estratégias militares.
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E o risco de uma guerra mundial?
Apesar das especulações em redes sociais, analistas consideram improvável o envolvimento direto de potências como Rússia e China.
Na prática, um confronto prolongado entre Washington e Teerã pode até beneficiar Moscou e Pequim, que lucram com a alta do petróleo e aproveitam a distração estratégica dos Estados Unidos para avançar em outras frentes.
A entrada dos EUA no conflito e a resposta iraniana com a possível decisão de bloquear o Estreito de Ormuz ampliam a instabilidade, elevam o risco para os mercados e reforçam a tensão na região.
A ofensiva comandada por Trump é um divisor de águas. Ou o Irã recua, ou o mundo pode assistir a uma escalada sem precedentes nesta década.
Por David Gonçalves, Correspondente MD News na Itália | Revisão: Indra Miranda
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