Muitos gostam de tomar água tônica pura, com gelo e limão ou como base em coquetéis com e sem álcool. Todos os dias ela conquista paladares por ter um sabor único, mas poucas pessoas sabem que ela não é tão saudável assim.
A água tônica é feita a partir de alguns processos, um deles é a extração de quinina da casca da planta Quina (Cinchona calisaya), uma espécie de árvore muito comum na América do Sul. Geralmente, é essa substância que traz o gosto amargo na bebida.
Importância de séculos
Desde muito tempo a quinina é utilizada para tratar doenças. A origem do tônico remete a época em que o Império Britânico dominava a Índia, entre o século XVIII ao século XX, e dizem que os soldados ingleses tentavam se proteger da malária ingerindo o líquido. Atualmente, com a criação de medicamentos sintéticos como cloroquina e primaquina, a quinina deixou de ser a preferência para tratar doenças.
Porém, até hoje, as pessoas confiam no seu “poder medicinal” e a usam para fazer chá com as folhas e casca da planta. Mas mesmo ela contendo propriedades anti-inflamatórias, antissépticas e analgésicas, não se deve olhar para a bebida como 100% curativa. As suas concentrações de quinino são baixas – cerca de 5 mg/L – sendo assim, não causam nenhum efeito terapêutico imediato contra doenças.
Mas afinal, é saudável?
O Artigo 25 do Decreto n° 6.871/2009 da Legislação Brasileira classifica a água tônica como um tipo de refrigerante. Por ter produção em grande escala por marcas diferentes, existe uma diferença de composição em cada lata, pois as empresas tem liberdade de ajustar a formulação, desde que sigam os limites definidos pela legislação.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estabelece que o produto deve conter 3 a 7 mg de quinino, mas não existe um padrão único de açúcar e gás, isso também vale para as “zero” e “diet” porque são adoçadas artificialmente para oferecer menos calorias e sabores mais suaves.
Segundo a nutricionista Sara Caetano, especialista em emagrecimento e estética, e pós-graduada em Nutrição Esportiva e Obesidade pela USP, em alguns casos a água tônica pode ser uma escolha um pouco melhor do que outros refrigerantes.
“Especialmente por não conter cafeína, o que beneficia pessoas sensíveis ou com pressão alta. A versão zero também pode ser uma boa opção para quem busca reduzir o consumo de açúcar, como pessoas com resistência à insulina ou em processo de emagrecimento. Além disso, pode ser usada como uma alternativa ao álcool, servida com limão, gengibre ou hortelã, tornando-se uma bebida leve e sofisticada. Já a versão comum tem açúcar em quantidades semelhantes às dos refrigerantes tradicionais, por isso deve ser consumida com moderação.”
Portanto, mesmo algumas versões tendo menos quantidade de açúcar, é necessário ter cuidado ao consumir. Ingerir demais e sem moderação pode fazer mal a saúde, trazendo outros problemas pro corpo.
Amarga, leve e sofisticada
O movimento social de ter uma vida mais saudável também contribuiu para a bebida fazer parte da lista de preferências dos que gostam de sabores amargos. Para a nutricionista Sara Caetano, essa preferência pela substância não é inata, e sim adquirida com o tempo.
“Ela se desenvolve por meio da exposição repetida, do contexto social e de associações emocionais: o cérebro passa a relacionar o sabor amargo a experiências sociais positivas, rituais adultos, autocontrole e identidade.”, comenta.
Ela destaca que as crianças crescem em ambientes onde vivem observando os costumes dos adultos, principalmente o consumo deles de bebidas amargas como café, água tônica ou chimarrão, elas também tendem a associar os comportamentos à normalidade e prazer.
“Mesmo que haja rejeição inicial no primeiro contato com o sabor amargo, a exposição contínua reduz a aversão e aumenta a familiaridade. Além disso, pessoas que apreciam sabores amargos costumam apresentar maior autocontrole alimentar, uma alimentação mais rica em vegetais e menor consumo de alimentos ultraprocessados e açucarados.”, finaliza.
É preciso ter cuidado
Como dito anteriormente, é preciso consumir com moderação. Devido a sua acidez, a água tônica pode causar erosão dentária, acelerando o desgaste dos esmaltes dos dentes. Além disso, algumas pessoas só descobrem que possuem hipersensibilidade à substância entre 30 minutos a 8 horas depois da ingestão ou, em alguns casos, até dias depois.
Nesses momentos, elas percebem o aparecimento de manchas, erupções e placas na pele, nos lábios e no interior da boca. Além disso, costumam ter efeitos colaterais como náusea, vômitos e confusão mental. Por fim, em casos raros é possível aparecer reações alérgicas graves como insuficiência renal aguda, trombocitopenia, arritmias e coagulação intravascular disseminada.
Por Pietra Gomes | Revisão: Daniela Gentil
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