A Itália registrou mais um feminicídio brutal envolvendo uma brasileira. Jessica Stapazzolo Custodio de Lima, de 33 anos, foi morta com 20 facadas dentro da residência do casal, em Castelnuovo del Garda, província de Verona. O autor confesso do crime é Douglas Reis Pedroso, de 41 anos, também brasileiro, preso após confessar o assassinato.
Segundo o Ministério Público de Verona, Douglas ligou para os carabineiros (polícia) por volta da meia-noite, informando intenção de suicídio e indicando o local do corpo de Jessica. Ao chegarem, os policiais encontraram a vítima sem vida, com múltiplas perfurações e sinais de luta. A faca usada no homicídio foi localizada dentro do carro do acusado.
O crime expôs graves falhas na proteção à vítima. Douglas já havia sido condenado a usar tornozeleira eletrônica, mas estava sem o aparelho, e havia uma medida protetiva que o proibia de se aproximar de Jessica a menos de 500 metros. Mesmo assim, voltou a conviver com a vítima e a matou dentro de casa.
O agressor tinha histórico extenso de violência e abuso sexual. Entre agosto de 2024 e abril de 2025, Jessica sofreu agressões físicas reiteradas, em um episódio, foi arrastada pelos cabelos, socada no rosto e atingida com a chave de um carro.
Douglas também abusou sexualmente da irmã de Jessica em dezembro de 2024 e tentou abusar da irmã mais nova, sem consumar o crime. Ele ainda havia ameaçado e resistido à prisão em ocasiões anteriores.
A Promotoria de Verona classificou o assassinato como “feminicídio de brutalidade excepcional”, destacando que havia denúncias, condenações e medidas de restrição ignoradas, o que permitiu a escalada da violência.
O caso teve grande repercussão na mídia italiana, com jornais de grande circulação e emissoras de TV destacando o assassinato de Jessica Stapazzolo Custodio de Lima. A brutalidade do crime e o histórico de violência do agressor foram amplamente abordados pelos veículos.
A morte de Jessica gerou comoção em Castelnuovo del Garda e entre brasileiros que vivem na Itália. O prefeito da cidade manifestou profundo abalo, afirmando que “quando ouço falar de vítimas de feminicídio, penso em algo distante, da Itália ou do mundo. Mas hoje aconteceu aqui mesmo. Devemos denunciar, ajudar e proteger todas as mulheres e meninas vítimas de violência”.
A prefeitura organizou uma série de homenagens à vítima, que começa hoje às 19h30, horário local, reforçando a solidariedade da comunidade. Jessica Stapazzolo Custodio de Lima deixa uma filha e familiares que lamentam uma tragédia anunciada.
O caso reacende uma cobrança urgente por políticas públicas mais rigorosas e eficazes no combate à violência de gênero – não apenas medidas que existam no papel, mas que sejam aplicadas com rigor, fiscalização e responsabilização. Cada feminicídio não é apenas um número nas estatísticas, é o colapso de um sistema que falha em proteger quem mais precisa.
Por David Gonçalves, correspondente MD News na Itália | Revisão: Daniela Gentil
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