O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, enviou uma delegação a Istambul, na Turquia, para participar de uma nova rodada de negociações com a Rússia em busca de um cessar-fogo. As reuniões começam nesta sexta-feira (16) e marcam uma tentativa de retomada do diálogo entre os dois países após mais de dois anos de impasse. Zelensky chegou a considerar sua presença pessoalmente, mas cancelou após o Kremlin confirmar que o presidente russo, Vladimir Putin, não compareceria.
De acordo com o comunicado oficial, a delegação ucraniana será liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, acompanhado por militares e oficiais da inteligência. Do lado russo, a comitiva será chefiada pelo assessor presidencial Vladimir Medinsky, além dos vice-ministros da Defesa, Alexander Fomin, e das Relações Exteriores, Mikhail Galuzin, e pelo chefe da Diretoria das Forças Armadas, Igor Kostyukov.
Esta é apenas a segunda vez que Rússia e Ucrânia realizam negociações diretas desde o início da guerra. A primeira tentativa, em março de 2022, fracassou ainda nas primeiras etapas. Desde então, os diálogos permaneceram congelados até serem retomados agora, em 2025, com intermediação dos Estados Unidos. Em março, os países chegaram a um acordo parcial para um cessar-fogo na região do Mar Negro, permitindo a criação de um corredor seguro para a passagem de embarcações comerciais.
Zelensky não poupou críticas a Putin pela ausência no encontro. “O cessar-fogo é nossa prioridade número um. Continuo convencido de que a Rússia não leva essas reuniões a sério e não quer genuinamente acabar com a guerra. Mas veremos se eles estão dispostos a demonstrar pelo menos alguma coisa durante as discussões”, declarou o líder ucraniano. Segundo ele, a decisão de enviar a delegação foi tomada por respeito aos países mediadores e à Turquia.
A ausência do presidente russo também foi comentada pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que minimizou as expectativas para o encontro. “Não teremos um avanço aqui até que Trump e Putin interajam diretamente sobre esse tópico”, afirmou. O presidente norte-americano, Donald Trump, está em visita oficial aos Emirados Árabes Unidos, na terceira etapa de seu giro pelo Oriente Médio, mas disse estar “pronto para viajar à Turquia se algo acontecer” nas conversas.
Zelensky, que cumpre agenda em Ancara, também afirmou que poderá embarcar para Istambul caso Putin resolva participar diretamente das negociações. Segundo fontes próximas à diplomacia ucraniana, essa possibilidade, embora remota, não está totalmente descartada pelas autoridades internacionais envolvidas.
A pressão por um cessar-fogo não parte apenas dos Estados Unidos. Líderes europeus têm cobrado Moscou por medidas concretas que levem à suspensão dos ataques. Nesta semana, a Alemanha emitiu um ultimato ao Kremlin, afirmando que, caso não haja um acordo entre as delegações, novas sanções econômicas serão impostas.
Em 2025, já foram propostas duas tréguas formais de 30 dias na Ucrânia – uma pelo governo norte-americano e outra pelos líderes da União Europeia. Ambas foram rejeitadas pela Rússia, que só aceitou implementar cessar-fogos pontuais na Páscoa e no início de maio, quando se comemora o Dia da Vitória, em alusão ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Por Alemax Melo | Revisão: Daniela Gentil