O Governo Federal inaugurou nesta terça-feira (17), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia), uma iniciativa coordenada pela Polícia Federal e considerada uma das principais entregas do Plano Amazônia: Segurança e Soberania — Plano Amas. O centro funcionará como um polo de articulação entre as forças de segurança pública brasileiras e de países pan-amazônicos no enfrentamento de crimes transnacionais, como tráfico de drogas, contrabando, grilagem de terras e crimes ambientais.
Destaque para necessidade de ações integradas
A cerimônia de inauguração, realizada na sede da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, contou com a presença do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, além de diversas autoridades do sistema de segurança pública nacional e representantes dos estados da Amazônia Legal.
Durante o evento, o ministro Lewandowski ressaltou que o enfrentamento ao crime organizado na Amazônia exige cooperação internacional e ações coordenadas. “Não há mais espaço para iniciativas isoladas. Nem municípios, nem estados e nem países conseguem combater, sozinhos, esse flagelo global. Precisamos unir esforços, compartilhar informações e operar com inteligência integrada”, afirmou.
Infraestrutura moderna e sustentável amplia capacidades operacionais
O CCPI Amazônia é resultado de uma articulação institucional entre o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com apoio financeiro do Fundo Amazônia. Ao todo, o fundo destinou R$ 318,5 milhões para o Plano Amas, sendo R$ 36,7 milhões destinados diretamente ao CCPI, para aluguel da estrutura, aquisição de equipamentos, viaturas, mobiliário e embarcações.
A unidade abriga salas de videomonitoramento, serviços de inteligência, divisões de operações e logística, um gabinete de crise, sala de imprensa e ambientes para articulação com representantes dos estados e das forças internacionais. Com isso, o centro atuará como um espaço de pactuação permanente de estratégias e de coordenação de operações conjuntas.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, destacou os avanços tecnológicos incorporados pela instituição, como o Projeto Ouro Alvo, que permite rastrear a origem do ouro apreendido conhecido como “DNA do ouro” e agora também utilizado para a madeira. Ele anunciou que o prédio do CCPI Amazônia será o primeiro da PF com emissão zero de carbono, evidenciando o compromisso ambiental da corporação.
“Segurança pública não se faz com frases de efeito, com espetáculos. Se faz com inteligência, estratégia e integração. Este centro é a materialização disso. É a união da proteção ambiental com o combate ao crime”, afirmou Rodrigues.

Integração internacional e compromisso com a proteção da floresta
A estrutura do CCPI foi concebida para funcionar com atuação conjunta das forças de segurança pública dos nove estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Além disso, agentes de países vizinhos que integram a região pan-amazônica como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela também serão integrados às ações. A proposta também prevê a cooperação com organismos internacionais como Interpol, Ameripol e Europol, fomentando um fluxo constante de dados de inteligência e planejamento de operações integradas.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, classificou o início das operações do CCPI como um marco na política pública brasileira voltada à proteção da floresta e à segurança da região. “Estamos unindo inteligência, tecnologia e cooperação internacional para proteger a Amazônia e garantir a soberania brasileira sobre esse território vital para o futuro do planeta”, enfatizou.
A criação do CCPI está diretamente alinhada aos compromissos firmados pelo Brasil na Cúpula da Amazônia, realizada em 2023, quando foi assinada a Carta de Belém. O documento estabeleceu compromissos multilaterais entre países pan-amazônicos para a defesa da floresta, o combate ao crime organizado e o desenvolvimento sustentável da região.
O centro representa, portanto, um avanço significativo na governança da segurança pública amazônica, pois permitirá um enfrentamento mais eficaz ao avanço de organizações criminosas que exploram ilegalmente os recursos naturais, causam danos ambientais e ameaçam as populações locais. O CCPI também atuará na prevenção de crimes como a lavagem de dinheiro, a grilagem de terras públicas, o desmatamento e a sonegação fiscal, fortalecendo a atuação do Estado brasileiro e seus aliados na proteção de uma das regiões mais estratégicas e sensíveis do planeta.
Por Alemax Melo I Revisão: Daniel Gentil
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