Neste 24 de junho, o Brasil inteiro se veste de xadrez, acende fogueiras, dança quadrilha e saboreia receitas típicas para celebrar o Dia de São João, uma das datas mais queridas e animadas do calendário nacional.
Com raízes religiosas, influências multiculturais e forte presença popular, o São João é muito mais do que uma festa: é a expressão viva da fé, da tradição e da identidade de milhões de brasileiros, especialmente no Nordeste, onde a celebração se transforma em um verdadeiro espetáculo de cores, ritmos, cheiros e emoções.
A data mostra que a oralidade, a religiosidade popular e a força das raízes resistem ao tempo. É um momento de reencontro com o que há de mais genuíno na cultura brasileira: a simplicidade, o acolhimento, a partilha e a alegria de viver mesmo em meio às dificuldades.
Origem e história
A origem do São João remonta à Antiguidade, mas ganhou força na Idade Média, na Europa cristã. A festa foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses, que celebravam o nascimento de São João Batista, primo de Jesus e figura central na fé cristã, com danças ao redor da fogueira, muita comida e devoção.
Segundo a tradição, a fogueira surgiu do gesto simbólico de Isabel, mãe de João Batista, que a acendeu no alto de uma montanha para anunciar à prima Maria o nascimento de seu filho. É por isso que, até hoje, a fogueira é o símbolo mais forte das festas juninas.
Com o tempo, a celebração foi ganhando novos contornos no Brasil, misturando-se às tradições indígenas e africanas. Os povos nativos já celebravam a fartura das colheitas no mês de junho com danças, oferendas e rituais ligados à terra.
Já os africanos, trazidos à força durante o período escravocrata, adicionaram novos ritmos e sabores à festa. O resultado foi uma das manifestações culturais mais ricas do país: o São João brasileiro, que une devoção religiosa, festa popular, arte, culinária e resistência.
24 de junho – Dia de São João
Hoje, a festa é sinônimo de alegria e conta tanto com missas, novenas e procissões quanto com forró, comidas típicas, bandeirinhas coloridas, quadrilhas e apresentações culturais. Assim, o povo brasileiro celebra a própria história ao redor das fogueiras e em meio a danças e músicas, mostrando que o São João é uma ponte entre o passado e o presente.
Comidas típicas
Os sabores do São João são um capítulo à parte. O milho, base da alimentação nas zonas rurais e símbolo da colheita, domina os cardápios: pamonha, canjica, curau, bolo de milho, mungunzá, pipoca. Também não falta pé-de-moleque, cocada, batata-doce, amendoim cozido, arroz doce e o famoso quentão, que esquenta as noites frias de junho. Comer, nesse contexto, também é um ato de celebração, comunhão e memória afetiva.
Música e brincadeiras
No campo musical, a festa é embalada pelos sons inconfundíveis do forró, xote, baião e arrasta-pé. Luiz Gonzaga, o eterno “Rei do Baião”, é o grande nome dessa trilha sonora. Suas músicas não apenas embalam os arraiais, mas também contam histórias do sertão, dos vaqueiros, da seca, do amor e da luta nordestina. Dominguinhos, Elba Ramalho, Genival Lacerda e tantos outros seguiram seu legado, transformando o São João em uma festa na qual a música também é resistência cultural.
A quadrilha, por exemplo, é um dos momentos mais esperados. Com passos coreografados, roupas coloridas e falas encenadas, ela resgata a vida no campo e a cultura do interior. Casamentos matutos, correios elegantes, brincadeiras tradicionais como pescaria e pau de sebo também fazem parte do imaginário popular e seguem encantando crianças e adultos.
Comemorações pelo Brasil
Cidades como Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) se tornaram palcos das maiores festas juninas do Brasil e do mundo. Juntas, elas recebem milhões de visitantes e movimentam suas economias com festas que duram o mês inteiro. As atrações incluem trios de forró pé-de-serra, grandes shows, concursos de quadrilhas, feiras de artesanato e exposições culturais.
No entanto, o São João não pertence apenas ao nordeste e se espalhou por todo o território nacional. A festa é celebrada em escolas, igrejas, centros comunitários e praças públicas. Em grandes capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, arraiais movimentam bairros inteiros, reunindo famílias e mantendo viva a chama da tradição.
Feliz Dia de São João! Viva essa tradição que é do povo, da fé e do coração do Brasil.
Por Alemax Melo I Revisão: Thaisi Carvalho
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